20 de out. de 2007

A partida dos Pássaros



A Poesia do Canto

Cascais – FNAC, dia 17, uma sessão de canto numa (mais uma ) apresentação do Canto de Intervenção 1960-1974, terminando com “Ronda Campaniça”, uma canção de amor ao som da viola daquela (minha) região do Alentejo onde a planície se encontra com a serra, tema do novo disco de amigo, irmão mais velho, Francisco Naia , de Sol a Sul, a sair em breve…

A Poesia da Palavra

Almada, dia seguinte, depois de um breve jantar mas caloroso com Hugo Santos, o mestre da poesia às vezes em prosa mas sempre poesia das secretas vivências da vida nos campos do Sul, tantas vezes na raia, o mestre e amigo Hugo Santos recebia 15 anos depois, de novo o Prémio Literário Cidade de Almada e… de súbito irrompe a voz e o gesto do seu amigo diseur Jorge Lino, fazendo a síntese da palavra, porque a poesia deve ser dita (e cantada) assim para se cumprir plenamente…

E depois será o encontro com o mestre da síntese da civilização da nossa memória, identidade de gentes do Sul, Cláudio Torres, o sábio amigo. Será no próximo mês em Badajoz, no “II Encontro Transfronteiriço de Revistas de Cultura”, onde Portugal se faz representar por Cláudio Torres, Joaquim Saial, o amigo director da Calliopole e este vosso escrita, escravo, “senhor”…. onde também se realiza um recital evocativo de “José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros cantores de intervenção”, com base no livro referido, que apresento e, na voz plena de Francisco Naia e nas guitarras clássicas de José Carita e também campaniça de Ricardo Fonseca.
E será a redacção da tese… e
…e tempo para intervalo, aqui neste espaço de partilha de paixão pela vida e pela poesia… curto?… longo?… sem regresso?… quem sabe?...

é tempo…



da partida dos pássaros

são tão alegres os pássaros, rodopiam numa dança infinita, extasiados, tão cheios de vida, de contentamento.
felizes e libertos bebem sôfregos abençoados os momentos únicos, plenos, inimagináveis, efémeros, eternos! sublimes!... a felicidade!!!…
os pássaros não se deixam agrilhoar, engaiolar, prender, dominar, domar, pactuar!...
são tão felizes os pássaros!
tão parcos de haveres… tal ânsia de liberdade desmedida, infinita mesmo… liberdade perfumada, apaixonada!...
…e partem!
partem agora que se avizinha o fim das noites amenas
os pássaros partem!
os pássaros partem cheios de paz e harmonia…
o céu é o seu tecto…
o Sol e a luz seus irmãos … de viagem… de chegada…
talvez voltem
com a luminosidade dos campos de papoilas para nelas se banharem, lânguidos, sensuais, se amarem…
Talvez quando as laranjeiras florirem de novo… voluptuosos… apaixonados…no seu perfume…
…ou talvez não… não voltem mais… nunca mais!...
… a sua liberdade não é mensurável… não tem preço!…
São tão felizes
Os pássaros
São livres!
São os pássaros do Sul!...

17 de out. de 2007

Não matem os Poetas!

Sento-me para tomar uma refeição leve num centro comercial algures em Lisboa. O espaço é agradável, não está a abarrotar de gente. Folheio o livro que saiu no Público sobre o Adriano. Um rapaz e uma rapariga conversam num mesa próxima. Ele de fato e gravata, ela de tailler; falam de como cair nas boas graças dos respectivos chefes, de como isso lhes ocupa as suas vidas, provavelmente de como isso os faz felizes.

Entro no carro, ligo o rádio e... oiço falar de Adriano. De como supostamente agora chegará aos mais jovens com as edições, tão tardias, da sua obra e de um projecto com jovens músicos e intérpretes, denominado Tributo. E fala da modernidade da sua obra, de como a sua voz limpida e bela levou a poesia de Manuel Alegre ao grande público e passam um tema belo, muito belo, da autoria de um poeta medieval, João Roiz de Castelo Branco, trovador como o Adriano foi, no dizer de Alegre, "Trovador dum tempo novo". Um tema que justamente dão como exemplo da modernidade em Adriano

Senhora, Partem Tão Tristes

Senhora partem tão tristes
Meus olhos por vós, meu bem
Senhora partem tão tristes
Meus olhos por vós, meu bem

Que nunca tão tristes vistes
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém
Outros nenhuns por ninguém

Partem tão tristes, os tristes
Tão doentes da partida
Partem tão tristes, os tristes
Tão doentes da partida

Da morte mais desejosos
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida
Cem mil vezes que da vida

E recordo, faz em Novembro 25 anos, numa sessão política, perante a estranheza da assistência, evoquei Adriano e li algo intitulado "Adriano, o Poeta", que terminava "Morreu de Amor, o Adriano". De Amor pela verdade, de Amor pela Vida, regressou à sua quinta de Avintes, a bordejar o Douro, partiu cansado... talvez de viver no meio da hipocrisia, da mentira, da ignomínia, da baixeza, da mediocridade, do espírito miudinho e tacanho que do Estado Novo perdurou e... hoje está de novo vivo empunhado pelos "Pequenos deuses caseiros", os pequenos títeres, que tentam sublimar as suas frustrações, as suas vivas pardas, desinteressantes e infelizes agrilhoando, pressionando, amordaçando quem almeja ser livre, tentando assim amedrontar, subjugar, fazer desistir... como se isso fosse possível!

Acordai! É tempo de acordar almas livres e puras. É tempo de passar do pensamento aos actos. É tempo de enfrentar a mediocridade. É tempo de dizer, de falar, de fazer bem alto! aos velhos do restelo, aos que nos querem chupar o sangue apenas porque não abdicamos do absoluto: Não permitiremos mais que matem os Poetas!

9 de out. de 2007

O Festival do Amor... a beleza da Amizade... a Sabedoria de saber subir a montanha!

Depois de mais um Festival do Amor, em segunda edição, na Praça da República em Beja, a partir do imaginário romântico de Mariana Alcoforada, realizado no último fim de semana de Setembro, quando captamos a imagem deste simpático par dançando à chuva - o aniversariante Carlitos e a sua amada Suzana , Outubro encontrou-nos de novo em deambulações pelo Alentejo.


No mesmo dia em que assinalava mais uma passagem do 5 de Outubro de 1910 fomos encontrar o nosso amigo Alex Pirata em mais uma sessão de divulgação do suave mel e das suas abelhinhas; deste vez foi na ARPI de Fazendas do Cortiço – o local certo – muito perto de Montemor, junto à estrada para Brotas, entre música, um aconchegante chá – das cinco – dança, convívio… este que se prolongou na sua casa, pela noite dentro, saboreando o divino licor de poejo com que a senhora sua mãe nos presenteia, a nós simples mortais, e sempre com a alegria contagiante desta amigo puro e ainda na companhia de outro grande amigo, o Manel Casa Branca - onde somos habituées no seu atelier/galeria 9ocre e… na sua casa.






































Depois, numa viagem breve nas muito agradável senti de novo algo que não acontecia há muito… os cheiros da minha infância na casa de uma sua amiga, do Manel, pintora, companheira de um alentejano com um belo sotaque e um cachimbo que também me recordou outros tempos… mas as recordações mais longuínquas levaram-me a Alvalade-Sado, uma casa de telha vã, finais de 60, onde cheguei a dormir, habitada sazonalmente por quem trabalhava na que era conhecida por “fábrica do tomate” – que depois encerrou –. Não houve registo de imagens como aconteceu no dia seguinte onde durante uma longa caminhada em comunhão solitária com a natureza e a paisagem humanizada recolhi algumas das imagens que vos deixo, algures no Alentejo… mas bem poderia ser Norte de África... quem sabe identificar?

























































Enquanto se vive intensamente o presente em cada momento neste fim de semana sereno e tranquilo as notícias que nos chegam do mundo não são nada animadoras. Os senhores das armas matam, destroem, desrespeitam impunemente os direitos humanas… o direito à Vida. Desde os mercenários americanos da Blackwater que lançam o pânico no centro de Bagdad, aos generais birmaneses que continuam a deter milhares de manifestantes, até ao assassinato da jornalista moscovita Anna Plotkovskaya, há um ano, que continua impune;entretanto em 60 países fora da União Europeia continua a vigorar a pena de morte, indiferentes à “Jornada Europeia contra a pena de morte” a realizar no próximo dia 10 de Outubro...
morte, destruição…
mas acabo agora mesmo de receber uma mensagem do amigo Alex, pensamentos que o grande mestre da realismo fantástico, Gabriel García Marquez, então em fase terminal, quis partilhar, ele que soube fazer da partilha a razão… a beleza da sua arte e... fez questão de partilhar a sabedoria última de quem parte… para nossa reflexão!

Aprendi que todo o mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa

Não serás recordado pelos teus pensamentos secretos. Pede ao Senhor a força e a sabedoria para os expressar

25 de set. de 2007

o desafio primordial... ou o feitiço da lua...

Numa noite de luar ensolarado estive no Residence Palace, ao Saldanha, na abertura de mais uma exposição do amigo Manuel Casa Branca, que parece ter "conquistado" definitivamente Lisboa. O meu, o nosso Alentejo do sabor das estevas e da eternidade das fragéis invencíveis papoilas, nestas paisagens de ancestral humanização de sobreiros de menires, de cromeleques, de Almendres ao Xerez revivido...


.. e depois encontrei uma personagem do meu livro, o músico António Ferro, acompanhante de Luís Cília... era uma tertúlia poética improvisada onde estava com o amigo cantador Domingos Breyener e o poeta diseur César Salvado ... e este quis apresentar-me uma amiga, amante de jazz, a Otília, companheira do António, que, de repente se reviu no livro que eu acabara de oferetar... ela africana de Angola, contou-me com orgulho ser filha de um alentejano de Castro Verde... e com eles estavam o Paleka, antigo músico do Sérgio Godinho e a sua companheira, a Guida cantora de jazz e pintora... foi numa noite de luar com conheci estes simpáticos amigos....







O mar beijando a areia
O céu e a lua cheia
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu
E a lua cheia
Que prateia os cabelos do meu bem
Que olha o mar beijando a areia
E uma estrelinha solta no céu
Que cai no mar
Que abraça a areia
Que mostra o céu e a lua cheia
Um beijo meu





... e num dia solar ensolarado telefonou-me o amigo poeta de Campo Maior, Hugo Santos, e convidando-me para a entrega do Prémio Cidade de Almada a ... si próprio, 15 anos depois de ter sido já vencedor, o poeta amigo, avô do António Urbano, o bébe lindo que ilumina, com sua mãe, os dias do Mestre amigo Urbano...






... foi nesse dia, domingo solar em que, peito aberto aceitei o desafio do mar, quando me senti de repente arrastado dentro de uma corrente, sem nada perceberem os surfistas próximos, afinal era o único nadador... e por alguns segundos, minutos?... senti-me a caminhar para dentro do mar, vi-me menino no meu início de mim... de mão dada com uma menina... menina irmã gémea, irmã de sangue, minha alma e... depois aceitei o desafio e, no meu cavalo de vento, lutei pleno, desafiante da imensidão do mar, lutei poderoso em cada gesto e lentamente, muito lentamente comecei a vencer a corrente e ... já muito perto dos rochedos deixei-me planar nas rebentações fortes e... num ápice estava na praia... exausto mas... sorridente, sorridente para os banhistas que só se arriscavam na areia, ignotos da estranha magia acontecida, e os surfistas, , indolentes, jovens aborrecidos enfastiados da monotonia dos dias vazios nos seus fatos e pranchas sofisticados... e caminhei de cabeça erguida no desafio de mim próprio, leve como o vento e... uma gaivota passou e sorriu... seguia com olhar e... foi veloz, veloz para o mar ... onde vi sorrisos... logo não acreditei... mas eram para mim, feiticeiras vindas dos confins do mar sorriam para mim... e... continuei a caminhar, cabeça erguida, quase levitando no areal, no caminho da Verdade olhando de frente o Sol, o irmão Sol... mas ele também me sorria... então em extase enfeitiçado compreendi que soubera vencer o impossível... mas nada é impossível... soubera, frágil e poderoso, porque crente na justeza do caminho... conquistar o respeito da suprema mãe-natureza, enfeitiçado de luar ... irmão Sol, irmã lua...





e a na voz do vento... chegou-me um poema de Sophia
O mar azul e branco e as luzidias
pedras
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal, espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida


19 de set. de 2007

A Harmonia da Luz... "Eu quero toda a luz que o sol me traz quando nos vemos"


No passado domingo respirava-se Paz, serenidade no largo Luís de Camões... fiquei a saborear a energia positiva que pairava no ar... muito mais forte do que a que podia ser a de algumas pessoas que ainda estavam no local ao pôr do Sol... a energia de quem, pelos mais diversos motivos não tinha estado presente, mas mesmo ausente estava presente, unindo a sou voz e a sua postura não-violenta, da negação do falso poder das armas de quem mantem a herança pré-histórica, agora mais sofisticada, mas apenas isso, de querer ser continuar a ser dono do mundo e da Vida, seja dos homens e das mulheres, dos pássaros, dos coelhos, ou de qualquer ser vivo!...




essa energia positiva tão forte e tão bela que de mim se apoderou falou-me do Belo, do sublime que cada homem e cada mulher têm dentro de si quando procuram a Verdade, quando enfrentam o medo - o medo de si próprio; a força suprema do Amor, da Poesia da Vida!...




era de Paz, de Harmonia, não de exclusão, , não de confronto, mas de compreensão com os Irmãos e com as Irmãs que ainda conseguiram enfrentar-se a si próprios e se refugiam no medo - no medo de si próprios, pois afinal a maior cegueira está em quem não quer ver a Luz, a sua Luz e assim não percorrem o caminho que conduz à Felicidade, negando-a a si a quem está fisicamente próximo...


era de Harmonia aquele fim de dia e as pessoas tinham o sorriso da mensagem de Dalai Lama, Luís Vaz, Amante do Amor sorria...


e recordei o livro bonito, que comprei no dia anterior, na Semana da Liga dos Amigos da Mina de S.Domingos, que está a acontecer em Sacavém: Cidades da Água, com poemas de Miguel Rego e pinturas de Manuel Passinhas, amigos, de Mértola...
e a edição mais recente da Alma Alentejana Revista Cultural, agora renovada, há dez anos lançada ao mundo, que com outros amigos fomos artífices da 1ª série...
e recordei o livro apresentado dois dias antes na FNAC de Almada, Sérgio Godinho 55 Canções, o Sérgio que me abraçou no dia 2 de Setembro na Feira da Luz, em Montemor...
do Sérgio vos deixou um poema bonito, um poema de Amor, na voz da Amante, Irmã do Amor...
Quero
querido
sussurar-te um «quero tudo»
ao teu ouvido
Tudo
contudo
é bem pouco para o muito
em que me desnudo
Eu quero
eu queria a lua
eu quero a tua
boca que eu quero tocar
se estou já nua
Eu quero a quimera
quem dera
fosse a de ouro do teu olhar
Eu quero a quimera de ouro
brilhando à luz do teu olhar
Quero
carente
quero o zero
da contagem decrescente
Quebra
limites
leva a mão que te apetece
aos apetites
Eu quero
a lua a vénus
quero ao menos
toda a luz
que o sol me traz
quando nos vemos
Quero
a corola
duma flor que se a desfolho
me consola
Rosas
hortênsias
são viçosas
do teu corpo as aparências
Eu quero pisar luas
quero as tuas
pernas com que as coisas lindas
me habituas
Quero-te

15 de set. de 2007

"Vemos, ouvimos e lemos" ou o sorriso da não-violência

Estas são imagens de postes anteriores gentilmente enviadas por amigos Alex Gandum - as três primeiras e António Nabo - a última.














Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado



Com este belo e ainda tão actual poema de Sophia - cantado por Francisco Fanhais e musicado por Rui Paz - onde poderiamos ler Palestina e Iraque e Darfur, com esta "Cantata da Paz" deixamos a sugestão para que amanhã domingo, 16, Dia por Darfur, cantemos com o Fanhais no Largo Camões ou noutro lugar qualquer do mundo, dando graças à beleza da Vida, saboreando o Sol, bebendo o Mar, caminhemos com um peça de roupa branca, não importa qual, com uma rosa na mão para oferecer - nem que seja em pensamento - a quem está ou gostaríamos que estivesse, mas está em pensamento...
Não há machado que corte
A raiz ao pensamento
Não há morte para o vento
Não há morte



Em nome da Vida!...

14 de set. de 2007

Acabei de chegar. Uma nova apresentação do Canto de Intervenção... Casa da Música - Porto, S. Aleixo da Restauração, Feira da Luz - Montemor-o-Novo, I Feira do Livro do Alentejo - Ervedal, Avis, Festa do Avante.. agora Almada, FNAC... hoje houve canto, canto e poesia, houve pintura - do Manel Casa Branca, houve palavras fraternas - do João Paulo Ramôa, houve um breve recital sobre o Zeca, o Adriano , o Manel Freire, o Luís Cília, o Fanhais, o próprio Naia, que com as violas do Zé Carita e do Ricardo Fonseca cantou a beleza da poesia, dos poemas do Manel Alegre, do Zeca, da Sophia... Vieram amigos, muitos amigos, "estavam 100, disse-me o Ramos" vieram "Lá da Planície, lá da cidade", vieram ou... enviaram abraços porque queriam estar presentes mesmo não estando... E o Chico Naia, cantou... "Vemos, ouvimos e lemos"...

Vemos, ouvimos e lemos... um homem de Paz que está em Portugal. Dalai Lama, que perante a hipócrisia dos governantes deste país perante os actuais mandarins de Pequim, disse com aquele enorme simplicidade que o caracteriza:
"Não quero embaraçar ninguém. A minha visita não é política, é espiritual...vim com o meu sorriso. É tudo ."
e disse mais
"Precisamos de promover o diálogo espiritual. A paz é a solução, a não-violência."
Dalai Lama disse as palavras certas.
Recordei o lançamento 1 ªedição do Canto de Intervenção,em 2000, no Museu República e Resistência, onde consegui reunir dois amigos que andavam desavindos há muitos anos. Já disse várias vezes que foi o que me deu maior prazer, e os amigos que já me apresentaram o livro, que souberam conhecer a minha entrega e o meu gozo a este trabalho sabem do que estou a falar ...
Recordei o passado ancestral onde me revejo: a palavra, a beleza da palavra, o saborear da palavra escrita, o som da voz elevando-se ao encontro do Sol e da lua, a palavra certa, a palavra do olhar e do gesto, das mãos...
Há muito que recusei a inútil virilidade das armas... um dia, há mais de 30 anos quando um pardal me olhos nos olhos... preso numa armadilha... senti-me estranho... e resolvi enfrentar-me a mim próprio... devolvi-lhe a liberdade que nunca lhe devia ter tirado, não tinha esse direito!... o pardal partiu livre e feliz e eu com um sorriso... menino ainda senti-me um homem... um homem de corpo inteiro....
Neste mundo de guerras, ódios, destruição e hipócrisias, neste mundo, que "Vemos, ouvimos e lemos" há que lutar, lutar pela Paz, pelo diálogo, há que recusar a violência das armas, de todas as armas... com a beleza da poesia... com um sorriso!...

10 de set. de 2007

... regresso à Terra... ao Cante e ao Canto!...



"Através do teu coração passou um barco

Que não pára de seguir sem ti o seu caminho"



Sophia





Grão de Mar


Lá no meu sertão plantei

Sementes de mar

Grãos de navegar

Partir

Só de imaginar eu vi

Água de aguardar

Onda me levar

E eu quase fui feliz



E o mar ficou

Lá no sertão

E o meu sertão

Como o amor que encontrei

O amor de aguardar

Amor que existe em mim






Como no sertão de Bethânia o Mar ficou em mim... de regresso à Terra, ao Cante, ao Canto...






Foi em Montemor, no dia 31 de Agosto, na apresentação da 3ª edição de Canto de Intervenção 1960-974, na Feira da Luz, ouvindo palavras fraternas e justas de amigos presentes e o pensamento dos ausentes: Carlos Pinto de Sá, Manuel Casa Branca, Alexandre Pirata. Os meus agradecimentos à forma digna como o Município de Montemor me recebeu e tratou esta iniciativa, nomeadamente o seu Presidente, assim como o responsável dos Serviços Culturais, Luís Ferreira, e... ainda uma palavra de reconhecimento à Helena e à Catarina, da Fonte das Letras, e à enóloga Dorina Lindemann que teve a gentileza de oferecer champagne aos presentes, produzido pelo Adega Plansel... pois é já, há champagne alentejano: Alxam é seu nome.






























Foi assim na Herdade do Freixo do Meio - Foros de Vale de Figueira, Montemor - no dia seguinte num momento breve mas único em comunhão com a Terra... e os salgueiros desenhados na ribeira... no "Passeios pelo Montado", este sobre a "Arte do Sobreiro", guiado pela bióloga Ana Fonseca e pelo pintor Manuel Casa Branca... e o convívio gastonómio no Restaurante do sr. Martins com ensopado de borrego....




















Foi assim na I Feira do Livro do Alentejo, em Ervedal, Avis, no dia 2 de Setembro, iniciativa inédita, onde estavam presentes livros de muitos autores alentejanos, para além de muitas publicações periódicas: jornais e revistas editadas na Região e, não obstante as temperaturas altissimas aconteceu um acalorado debate sobre a comunicação social regional... seguindo-se a apresentação de Crónicas de Beja, do amigo Francisco do Ó Pacheco e do meu livro já referido....

Muitos amigos passaram por lá: Luis Afonso, João Mário Caldeira, António Luís, João Honrado, António Martins Quaresma e ... Francisco Naia, com os seus músicos - o Carita, o Ricardo, o Nuno, o Gil e o Jorge - que cantou ao anoitecer e nos recordou um poema, interpretado uma única vez, a solo, à cerca de um ano, na Sala Pablo Neruda , no Forúm Romeu Correia, em Almada, que tem justamente a introduzir uma frase do grande poeta andino...

amo-te como se amam certas coisas obscuras

secretamente, entre a sombra e a alma

(in Cem Poemas de Amor)

Entretanto, de novo em Montemor, Sérgio cantava "com um brilhozinho nos olhos... ", assim ficou o amigo Alex quando cheguei e lhe trouxe autografado pelo autor Miguel Urbano Rodrigues Etna no vendaval da Perestroika... e Sérgio cantava... cantava: "hoje soube-me a pouco/hoje soube-me a pouco/espera aí mais um bocadinho/estou quase a ficar louco..."





de novo Canto de Intervenção em destaque... na Feira do Livro da "Festa do Avante", na passada sexta-feira, dia 7... apresentado pelo amigo de sempre António Ramos...

















No dia seguinte rumava a Santarém, mais precisamente a Abitureiras, para descansar depois desta verdadeira "maratona", repôr energias, na agradável companhia dos anfitriãos, a Ana Vitória e o António...





























































































aqui, onde o silêncio só é entrecortado pelo vento e rodeado ao longe pelas serras de Montejunto, dos Candeeiros e de Aire, certamente o local perfeito para fazer um piquenique...

30 de ago. de 2007

Mares do Sul...


Em deambulações pelo Sul, onde o espaço é feito de Mar,

de taipa e do prazer da Palavra





reencontro o silêncio na fala das gaivotas, na voz do Mar….


























































Nele cheguei à tenda do beduíno Abdul que me ofereceu chá de menta…



















Nele recordei um fim de tarde de Primavera quando o Cônsul de Marrocos me confidenciou que um dia, há muito tempo, estando o Manuel Alegre em Argel, ele José Alberto Alegria e o Francisco Fanhais passaram por Coimbra no dia do aniversário dele e ofereceram uma rosa à mãe de Manuel…


















Dizem que as ilhas é outro mundo…agora sei que é verdade…
... nas ilhas...onde me cruzei com o meu amigo Corto Maltese, navegando nos Mares do Sul, deste Sul próximo, de mares milenares que tão bem conheço desde quando deles fazia um caminho para a Atlântida…
























Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim




Dizem-me que Corto Maltese navega nos mares da incerteza para construir certezas...










Corto Maltese, outsider dos mares, navegando às vezes sob o signo do Capricórnio.
Ele, tal como eu, somos o cavaleiro em busca da Verdade, em busca do Santo Graal… somos um “senhor” sem dono…
...neste Mar de serenidade, Mar de certezas do Caminho e do Percurso, do Objectivo e da Chegada… onde a Palavra é um reflexo da Vida… e não o contrário…