31 de jul. de 2018

Festival de Sines em 20 º edição ou... 20 anos a dar-nos Música(s) do Mundo


Depois de (mais uma) longa ausência, regressamos ao V/ convívio por uma causa justa. Aqui  vos deixamos a reportagem , publicado ao minuto no nosso face  - Eduardo Manuel – relativamente a alguns dos espectáculos que tivemos oportunidade de acompanhar na 20ª edição do FMM, em Porto Covo e em Sines. Dos cinco concertos a que assistimos no primeiro fim-de-semana em Porto Covo, vos damos conta de três deles, os nossos preferidos.

Dos 14 concertos a que assistimos no segundo fim-de-semana, quinta, sexta e sábado, dias 26, 27 e 28, aqui vos deixamos foto legendas de seis deles.
Sobre esta excelente festival, para além do artigo aqui publicado na íntegra – inicialmente previsto para sair no Diário do Sul, também publicamos no mensário Folha de Montemor, edição de Julho, o artigo Festival de Sines. 20 anos a dar-nos música(s) do mundo.

Saboreiem. Esperamos que seja do V/ agrado.

Sábado, dia 21

No primeiro fim-de-semana do Festival Músicas do Mundo de Sines, aqui em Porto Covo, foi assim no passado sábado, a excelente vocalista húngara Anna Maria Oláh da banda "Meszecsinka".

 Seguiu-se-lhe Viex Farka Toure, do Mali, com o fulgor de seu blues do deserto, conhecido pelo "Hendrix do Sahara".


 



 












E no calor da noite a banda turca de Istambul "Baba Zula", entre a poesia e o rock psicodélico, com a sua performativa postura de "animais de palco" - "O importante é o espetáculo", conforme o Mestre Almada, encheram as medidas aos melómanos presentes. O FMM no seu melhor e... segue dentro de momentos...



FMM de Sines
20 anos de excelência

Na próximo sábado, dia 28 [de Julho], termina o festival Músicas do Mundo, este ano em 20ª edição. A decorrer desde dia 19, 5ª feira da semana anterior, significa que em 2018 se realiza durante dez dias consecutivamente aquele que é considerado um dos mais importantes festivais internacionais da “World Music” e seguramente o mais importante festival musical que nesta área se realiza em Portugal. Nesta edição que assinala os 20 anos o FMM tem o maior alinhamento de sempre, com 59 concertos previstos, a que se adiciona um conjunto vasto de iniciativas paralelas em várias áreas de expressão artística. Organizado pela Câmara Municipal de Sines, tem vindo a crescer e a afirmar-se, desde a 1ª edição, em 1999 como a grande referência nacional para o que de melhor acontece musicalmente fora dos circuitos comerciais.Nos últimos anos várias vezes premiado, recebeu em 2017 o EFFE Award, atribuído pela European Association a “seis dos mais influentes festivais europeus, tendo o júri destacado o papel deste festival na promoção de “uma diversidade real – não uma diversidade cosmética” e por constituir uma “celebração da arte, da vida e do espírito cosmopolita”, conforme disponibilizado em Nota de Imprensa pela organização do certame.
Nesta edição o FMM apresenta músicos de 41 países e/ou regiões de todos os continentes: e nomeadamente os estreantes Bahrein, Bielorrússia, Chipre, Eslovénia, Sudão e Zimbabué. No alinhamento para esta edição encontramos artistas e grupos de referência, como Bulimundo, Huun-Huur-Tu, Kimmo Pohjonen, Kroke, Maravillas de Mali e Oliver Mtukudzi, mas também novos valores como são o caso de BaianaSystem, Elida Almeida, Sofiane Saidi, Sons of Kemet e Vieux Farka Touré.
Do Porto Covo ao Castelo de Sines
O FMM Sines 2018 teve o espectáculo inicial, como já vem sendo tradição, cantado em português pois Aldina Duarte, inaugurou em Porto Covo, dia 19.
No dia seguinte depois de espectáculos menos interessantes, a excelência voltou a encher as medidas aos milhares de melómanos que na segunda quinzena de Julho inevitavelmente viajam para o Sines e, neste caso para a antiga aldeia piscatória de Porto Covo, agora densamente urbanizada mas ainda envolta na beleza natural do mar e dos campos fronteiros. Foi aí, na noite de sábado, 21, nos foi dado saborear intensamente a prestação única da banda húngara de fusão folk psicadélica de Budapeste, Meszecsinka - “pequena lua”, em búlgaro – formação multinacional com membros com origens da Hungria, Bulgária, Polónia, Croácia e Arménia, em que a vocalista, Annamária Oláh, que características vocais ímpares e uma formação no folclore búlgaro, se apresentou apoiada por um naipe de quatro músicos de excepção – teclas, guitarra, baixo, percussão, douduk e flauta - nos trouxe uma mescla musical onde o experimentalismo rockeiro conviveu com o folk búlgaro e húngaro, o flamenco e músicas orientais, o que empolgou a assistência. Seguindo-se-lhe Vieux FarkaTouré, do Mali – filho do mítico Ali Farka – conhecido pelo “Hendrix do Sahara”, que no seu estilo pessoal onde blues do deserto se apresenta com influências musicais de rock, funk, reggae, música latina e sons de outras latitudes africanas, nos trouxe a avassaladora punjança musical centro-africana – que tão bem saboreamos em vários momentos no dia derradeiro da edição de 2017. Logo após a meia-noite soar, Baba Zula, banda turca, com o seu registo de rock psicadélico de Istambul - que teve os seus anos de ouro em sessenta - esta formação que mistura instrumentos de raiz tradicional - a darbuka, o saz eléctrico – com colheres de pau e electrónicos, onde, para além do rock psicadélico, também o dub, numa reinterpretação oriental, são interpretados por este quarteto composto por verdadeiros “animais de palco”, que galvanizaram completa a assistência: Esta levada ao rubro, neste concerto que foi um verdadeiro ritual com poesia, teatro, dança, figurinos elaborados e artes plásticas, tendo os músicos interagido na perfeição – tal como os dois agrupamentos anteriores – e onde a máxima do nosso Almada Negreiros: “O importante é o espectáculo” aconteceu plenamente, nomeadamente quando se deram ao luxo de descer do Palco Inatel e vir tocar para o meio da assistência, mais de 10 minutos, no apinhado Largo Marquês do Pombal enquanto o quarto elemento, o baterista, concertava calmamente um prato que se soltara.
Já em Sines, onde o festival está a decorrer desde segunda-feira, dia 23, deixamos o convite para, a iniciar o programa na 5ª feira, dia 26, pelas 17horas, no Centro de Artes, uma artista de língua portuguesa, Susana Travassos, uma voz com ligações à América do Sul, enquanto nesse dia inicia as “hostilidades no palco do Castelo o grupo Timbila Muzimba, de Moçambique, seguindo-se-lhe artistas/grupos do Gana, França, Tuva-Rússia, Argélia/França e na Avenida da Praia da Etiópia e da França/Paquistão. Sexta-feira, 27, dia grande para a participação brasileira o programa no Castelo começa com a cantautora paulista Tulipa Ruiz, seguindo-se-lhe, lá mais para o final da noite e três concertos depois – dois no palco do Castelo e um na Avenida da Praia – Cordel de Fogo Encantado, uma banda em destaque na nova música urbana brasileira que vai beber nas raízes da tradição. Na madrugada do dia seguinte, o último concerto, na Avenida, fica a cargo da banda Scúru Fitchádu, lisboeta de raízes africanas. No último Sábado, a língua portuguesa está presente em quatro dos dez concertos (leu bem, dez concertos!) previstos para o derradeiro dia do FMM, a saber: Live Low, grupo que apresenta experimentações eletrónicas sobre música tradicional, toca no Centro de Artes e Sara Tavares abre o programa no palco do Castelo. Depois de bandas da Austrália, Líbano e Zimbabué, que certamente nos vão fazer delirar, e quando a noite já estiver ao rubro actua a formação Bulimundo, lenda viva de Cabo Verde e segue-se a encerrar a programação do FMM de Sines de 2018 no palco do Castelo uma das duas bandas que estão na dianteira da nova música urbana atenta às raízes do outro lado do Atlântico, BaianaSystem. O Brasil encerra esta 20ª edição do festival no palco principal no Castelo - ainda que a seguir actuem mais três bandas no palco da Avenida Vasco da Gama, respectivamente da Jamaica, Senegal/Alemanha e Colômbia, certamente que se vão prolongar até ao romper da manhã de domingo. Aliás, esta é a maior delegação brasileira que o festival alguma vez recebeu e não deixa de ser curioso este final, certamente apoteótico, em português, por artistas de outras paragens do planeta neste festival de Sines, terra milenarmente ligada ao mar, Sines que é uma das mais populosas cidades alentejanas, cidade e concelho com características excepcionais e únicas de beleza natural, consequentemente lugar de férias estivais de todo o Alentejo no século passado, antes das praias algarvias estarem na moda. Este festival em que a escolha dos artistas ergue pontes entre culturas e promove a igualdade da circulação de artistas, dando ao público a oportunidade de conhecer músicos com origem em geografias ou propostas estéticas que encontram menos espaço no circuito comercial da música ao vivo, é algo de que nos orgulha enquanto alentejanos, nós para quem o Alentejo, com a sua diversidade e riqueza é uno e indivisível desde Belver- Gavião ou Nisa, nas margens do Tejo ao às margens do rio Mira ou Pomarão-Mértola, ou de Barrancos até… precisamente Sines. A realização deste que é o mais importante festival de músicas do mundo que se realiza em Portugal é a prova provada da capacidade de acontecerem realizações únicas na pátria transtagana, seja na raia, no Alto, no Baixo, no Central ou no Alentejo Litoral. Saibamos unir-nos nos objectivos comuns e exigir as estruturas viárias, marítimas e aéreas que potencializem as nossas capacidades, o que existe, pode e deve ser desenvolvido...
Voltando ao FMM se quiser saber mais, consulte, www.fmmsines.pt …e viaje para Sines enquanto é tempo.
Eduardo M. Raposo
cedalentejo@gmail.com

Publico aqui o artigo que estava previsto ter "saído" ontem no "Diário do Sul" - o único jornal diário publicado em solo Alentejano e um dos únicos da imprensa regional - onde tenho o gosto de colaborar pontualmente, muitas vezes da Diáspora com reportagens sobre temas artístico-literário-musicais. O meu apreço pelo "Diário do Sul" reside no jornal em si mas também e nomeadamente por ser dirigido por um Homem (com H grande) admirável, decano do jornalismo português, o mais antigo director da imprensa escrita em funções e de idade: Manuel Madeira Piçarra, a quem envio um fraterno e respeitoso abraço. O diferendo existente entre o "Diário do Sul" e o Município de Sines, que não permitiu em 2017 a publicação a reportagem efectuada, infelizmente ainda não foi sanado. Fazemos votos para que em breve tal aconteça, em nome da valorização e da identidade cultura Alentejana!
E.M.R.


                                                       
                                        Quinta-feira, dia 26
Certamente um dos momentos altos do FMM 2018 aconteceu na noite de sexta-feira com o mágico momento em que o grupo "Huun-Huur-Tu", descendentes de pastores de Tuva, nos confins da Ásia - entre o sul da Sibéria e a Mongólia, com o seu canto gutural e os instrumentos tradicionais, um encontro com o sagrado da natureza que estes povos nómadas divinizam... ao contrário de nós, ocidentais... é por momentos como este que o FMM é justamente considerado o mais importante festival que acontece em Portugal.





Sexta-feira, dia 27
Sexta-feira o FMM  começou bem, as 17h, no agradável auditório do Centro de Artes - onde há três anos apresentamos José Afonso - O Canto da Utopia, no dia 25 de Abril - com o quarteto de Yazz Ahmed, britânica nascida no Bahrein. Um bom momento de jazz, para começar musicalmente o dia...


Soberbo foi o concerto da banda do Reino Unido com raízes caribenhas "Sons of Kemet", com o Castelo de Sines completamente cheio...  
O FMM no seu melhor! 



Sábado, dia 28
No derradeiro dia do FMM a noite começou no Castelo de Sines em árabe com a libanesa Yasmine Hamdan.

 


















A noite continuou no Castelo com os ritmos africanos do Zimbabué com Oliver Mtukudzi e a sua banda “The Black Spirits” com música, dança e alegria.

 
 


Depois de um grande senhor da África Austral o grupo mítico caboverdiano “Bulimundo” convidá-los a dançar ao som do funaná com a maior enchente deste FMM no Castelo de Sines.
 


O FMM 2018 aproxima-se do fim com um excelente concerto! Dez magníficos músicos em palco em língua portuguesa com os ritmos únicos de Cabo Verde!

Em 2019 há mais!
Fica o encontro marcado…  em frente à bela baía de Sines.

1 de jan. de 2018

Adeus 2017



Muita coisa havia (há) a referir no que concerne ao ano que agora chegou ao fim. Com a chegada de 2018 não queria deixar de partilhar alguns momentos do ano que passou, como que à laia de retrospectiva. Aqui vos deixo alguns palavras e imagens de alguns momentos de 2017:

A entrevista a Romeu Correia –publicada no DN/Jovem, Novembro 1987 ( há 30 anos) neste ano do seu centenário;





Almada homenageia o Cante;


3º Aniversário do Cante assinalado em Almada

Em Almada, a passagem do 3º Aniversário de elevação do Cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade, assinalada nos dias 2 e 3 de Dezembro, constituiu um grande êxito.
Com a denominação "Almada homenageia o Cante" - como tinha acontecido no 1º aniversário – este ano movimentou mais de 1.300 pessoas nas várias acções realizadas: a “Feira de Artes e Enogastronomia”, o espectáculo realizado no Fórum Municipal Romeu Correia assim como as actuações nas 11 freguesias – “O Cante nas Freguesias”, foi extremamente importante quer no seu conjunto quer individualmente.
No primeiro dia a Oficina de Cultura registou um enchente de mais de 400 pessoas, tendo na sessão inaugural acontecido a primeira actuação pública do recém-formado Grupo Infantil de Cante Alentejano do Agrupamento de Escolas Francisco Simões, a face mais visível resultante do trabalho empenhado que o Grupo de Trabalho do Cante do Concelho de Almada (GTCCA) - responsável pela organização do evento - tem vindo a realizar desde 2015 junto da comunidade educativa do concelho.
Este grupo infantil, constituindo por alunos(as) do 4º ano do ensino básico, consequência do projecto piloto que na diáspora alentejana tem sido posto em prática com o objectivo da salvaguarda do Cante em Almada, é apenas uma parte do universo, que com a adesão de mais seis turmas de outra escola do mesmo Agrupamento, onde se prevê iniciar em breve  o ensino do Cante, o que significa o envolvimento de 200 crianças neste projecto de ensino formal e informal.
“Almada homenageia o Cante” foi organizado pelo GTCCA composto por 10 entidades corais, musicais, associativas, educativas, autárquicas, documentais e editoriais: Associação Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó; Grupo Coral Alentejano Recordar a Mocidade do CIRL; Laranjeiro, Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó; Alma Alentejana – Associação para o Desenvolvimento, Cooperação e Solidariedade Social; Agrupamento de Escolas Francisco Simões; MODA-Associação de Cante Alentejano; Grupo Rumores d’Além Tejo; Associação das Colectividades do Concelho de Almada (ACCA); Centro de Estudos Documentais do Alentejo (CEDA) e Revista Memória Alentejana.
Teve apoio financeiro e logístico da Junta de Freguesia de Laranjeiro, apoio financeiro do Santuário Nacional do Cristo Rei, da União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, da Junta das Freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda, da Junta da União das Freguesias de Caparica e Trafaria, da Junta de Freguesia da Costa de Caparica, apoio logístico da CMA e colaboração da ARPCA e de Maria do Céu Silva.
Com uma qualidade assinalável em cada realização do vasto programa, fruto de um planeamento rigoroso, “Almada homenageia o Cante”, registou a presença da Presidente da CMA, Inês de Medeiros, do Vice-Presidente João Couvaneiro – que intervieram no dia de abertura - dos Presidentes da Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó, Luís Palma, da União de Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, Ricardo Louçã, da Junta das Freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda – tendo os dois primeiros intervido na sessão de encerramento na Oficina de Cultura, onde marcaram ainda presença o antigo Presidente da CMA, actual Vereador Joaquim Judas e o Vereadora Joana Mortágua, assim como diversos dirigentes associativos.
Nas outras nove sessões de “O Cante nas Freguesias”, realizado em cada uma das freguesias, marcaram presença e usaram da palavra os Presidentes da Junta das Freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda, Pedro Matias, da Junta de Freguesia da Costa de Caparica, José Ricardo Martins, da Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó, Luís Palma, e membros do executivo da Junta da União das Freguesias de Caparica e Trafaria em representação da respectiva presidente.
No espectáculo realizado no Fórum Municipal Romeu Correia estiveram presentes o Presidente da Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó, Luís Palma, membros do executivo da Junta da União das Freguesias de Caparica e Trafaria, o Vereador António Matos e deputados municipais.
Esta iniciativa, ainda que realizada com modestos meios, conseguiu envolver entidades representativas não só da comunidade de origem alentejana mas também do tecido socioeducativo e cultural do concelho foi inegavelmente uma grande iniciativa, certamente que se consubstanciou como um sério contributo para reforçar a autoestima e os laços identitários que unem as cerca de 50 mil pessoas da grande comunidade de origem alentejana radicada em Almada, e de certa forma, dos 500 mil residentes na Área Metropolitana de Lisboa, com os seus dezoito Municípios.
“Almada homenageia o Cante”, consubstanciou dois dias de exaltação e afirmação da identidade cultural do Alentejo no diáspora e contou com a cobertura televisiva da TV Almada, que realizou uma vasta reportagem, na Oficina de Cultura e em actuações nas freguesias, tendo resultado o vídeo de 12 minutos de que partilhamos o link 
 
 www.tvalmada.pt/cultura/511/2/comemoracoes-do-cante/



Em breve vamos incluir algumas imagens deste evento bem como das 11 tertúlias realizadas pala Associação Amigos da Cidade de Almada e ainda de Toulouse e Carcassonne onde estivemos entre 7 e 10 de Dezembro.