2 de out. de 2008

Encontro com o Mestre




Um encontro com Cláudio Torres é sempre um momento fascinante, de um grande, enorme prazer. Recordo, relatado aqui nestas páginas um encontro com Cláudio Torres, precisamente no dia 8 de Março de 2007. De várias horas, um dia inteiro, quase. Ou aquele outro, em Badajoz, no II Encontro Transfronteiriço de Revistas de Cultura, em Novembro passado. Ontem encontrei-me de novo com o Cláudio Torres, o Amigo, o Mestre. Em Março passado tinha-o apelidado de um dos (muito poucos) sábios do nosso tempo. Depois deste encontro relativamente breve mas indescritível, reafirmo-o.





O Encontro deu-se em sua casa em Lisboa seguido de um jantar memorável. O Cláudio é um mestre e um sábio, não só pelo que sabe, mas também pela paixão, pelo entusiasmo que põe, com que nos transmite cada palavra, pelos mundos novos que nos abre, que surgem com as suas palavras afectuosas e apaixonadas, de cada vez que temos esse prazer único de ficarmos a ouvi-lo, a lançar-lhe questões… mas o Cláudio é um mestre e um sábio, genial também pelo entusiasmo com que vive, que se deixa seduzir e aceita e adere, e digo-o com toda a humildade, aos nossos projectos sobre o Al Mouhatamid ou mesmo nas sugestões para a tese de doutoramento, nas alterações, nos caminhos a apontar e a corrigir.
Desse mundo irresistível, onde na Península se fez a apologia do poder através da beleza, da poesia, desse mundo mediterrânico onde a poesia e o vinho andavam de mãos dadas, desconhecido para almorávidas e almóadas e infinitamente diferente de Norte cristão, pobre, austero, demasiado frugal, espartano, desse mundo onde as antecâmaras do poder eram feitas de seda, jasmim e pedras preciosas… desse mundo onde a quase totalidade da população era moçarabe ou muladi, aqui no Gharb - os actuais alentejanos, algarvios, saloios, ribatejanos, até uma parte dos beirões mais ao Sul, ou no Gharb aqui ao lado, irmão, do outro lado do estreito, por onde Hércules terá passado - desse (nosso) mundo maravilhoso e tão próximo onde os poetas luso-árabes nos falam do que nos é mais caro como o Amor pleno e total, a Beleza infinita dos seres e da Natureza, a Liberdade desmesurada da Vida, nas falam da Terra, do Mar, do Sol e do luar.




























Sentam-se connosco à mesa e estão vivos e vivem e amam hoje, como há mil anos o fizeram porque se espelham na sua Poesia perene bela e poderosa que iniciou a lírica portuguesa, mas que ao mesmo tempo vive hoje com tal intensidade como se tivesse sido escrita, cantada, dita agora!... actual e eterna!...