27 de abr. de 2016

Rainha de Copas pelo ALPHA Teatro com Sofia Raposo



Com a devida vénia publicamos, ainda que com quatro dias de atraso, citando as palavras breves mas sábias e certeiras do Amigo António Sales - com que assistimos juntos ao espectáculo - docente responsável, entre outros pelos Cursos Vocacionais de Educação Artística no Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, um dos agentes culturais mais activos e decisivos de que Almada se pode orgulhar, enquanto Cidade Educadora que é:


O Reino do Teatro é em Almada, levado a cena pela companhia ALPHA-Teatro. Sofia Raposo dá corpo e vida à Rainha de Copas numa interpretação magistral encenada por Luis Menezes num misto de Teatro Físico com musica ao vivo com o duo MaiZé, e ainda com a participação de João Lisboa e Ruben Fernandes na manipulação da Marioneta"2"... estagiários do Curso Profissional de Teatro da Anselmo de Andrade


Parabéns ALPHA pela educação e exemplo artístico, Parabéns Almada pela política Cultural e Educativa.

Imperdível... Hoje, último espectáculo às 21.30h no Teatro Estúdio António Assunçã
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CD "Cante na Diáspora" disponível

Depois de na semana anterior ter sido objecto de divulgação no "Diário do Alentejo", acaba de sair na "Folha de Montemor", na rubrica "À soleira da porta" a crónica que temos o prazer de partilhar:



CD lançado recentemente

Cante na Diáspora

A edição deste disco surgiu há cerca de um mês, em complemento à publicação da Revista Memória Alentejana, número duplo 35/36, saído a 28 de Novembro, no âmbito das comemorações do 1º aniversário do reconhecimento pela UNESCO do Cante como Património Cultural e Imaterial da Humanidade – conforme referido na crónica de Dezembro. Em Almada, onde teve lugar o lançamento da Revista, realizou-se um conjunto de eventos com a denominação de “Almada Homenageia o Cante Alentejano” organizados pelo Grupo de Trabalho de Cante do Concelho de Almada – GTCCA - como sejam um colóquio – que coordenamos - movimentando mais de 200 pessoas e um espectáculo por onde passaram mil pessoas.



Revista O Cante na Diáspora

Esta edição da Revista, denominada “O Cante na Diáspora”, apresenta o levantamento dos 29 grupos corais alentejanos activos existentes no Diáspora, num espaço tão vasto que abrange toda área Metropolitana de Lisboa - Norte e Margem Sul, Península de Setúbal, onde existem a esmagadora maioria dos grupos, mas também Cartaxo, Porto, Tunes, Albufeira ou Toronto, no Canadá.

Julgamos que é a primeira vez que se faz um levantamento como este, pelo menos nestes moldes, de todos os grupos corais alentejanos existentes na Diáspora. Nesse sentido, tem um significado que não se pode olvidar enquanto factor de valorização da nossa cultura, por outro lado, é também revelador da vitalidade que caracteriza o cante existente na Diáspora.

O grupo coral alentejano mais antigo em actividade na Diáspora é o Grupo Coral Alentejano da Amadora, fundado em 1972. Todavia, anteriormente surgiram grupos na Diáspora que cessaram a actividade como o Grupo Coral da Casa do Alentejo de Luanda, que terá existido entre 1965 e 1971, ou os grupos corais que terão existido  na Casa do Alentejo, em Lisboa, respectivamente o Grupo Coral Engenheiro Martins Galvão, entre 1955 e 1968, ou mais recentemente, o Grupo Coral da Casa do Alentejo, activo entre 1968 e 1974. Também na emigração, em Paris, terá existido um grupo que terá cessado recentemente, mas não dispomos dados fidedignos. Por outro lado, se recuarmos aos anos 20, encontramos referência a um denominado Grupo Coral da Casa do Alentejo, ainda nas anteriores instalações desta associação regionalista, na Rua da Atalaia, que se reporta a 1926/27 e que teria sido um dos mais antigos grupos corais existentes não só na diáspora mas também no Alentejo, pioneiro na forma organizada de interpretar o cante.

Por outro lado, a existência destes grupos de que fizemos o levantamento, tem uma grande importância para a preservação e divulgação do cante, decisiva mesmo, pois a sua existência significa que o cante geograficamente não está apenas restringido ao Alentejo – Baixo, Litoral e parte do Central – mas antes estende-se a quase todo o país – desde o Porto até Albufeira – bem como a outros continentes – caso de Toronto, Canadá. Aqui reside também a universalidade do cante. 



Cante na Diáspora em CD

Exemplificativa da pujança do Cante e da Cultura Alentejana na Diáspora é a edição deste CD e a forma entusiástica como os dez grupos presentes se disponibilizaram de imediato a integrar o projecto. Devido à resolução de aspectos autorais e outros – que requereu uma negociação morosa com a SPA – o CD, que apresenta 20 temas de dez grupos - de Almada, Palmela e do Seixal, saiu posteriormente à edição da Revista.

Estão presentes nesta colectânea os grupos corais alentejanos existentes nos concelhos de Almada: Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó, Grupo Coral Alentejano Recordar a Mocidade do CIRL e Cantadeiras de Essência Alentejana

de Palmela: Grupo Coral Ausentes do Alentejo, Grupo de Cantares Modalentejo e Grupo Coral 1º de Maio do Bairro Alentejano

e do Seixal: Grupo Coral Feminino As Papoilas da ARPI do Fogueteiro; Grupo Coral  Alentejano Lírio Roxo; Grupo Coral Operário Alentejano do CCD Paivas e Grupo Coral Alentejano da ASSTA do Seixal. Quatro são femininos – dois de Almada, um de Palmela e um do Seixal – e seis são masculinos.

O mais antigo é o Grupo Coral Operário Alentejano das Paivas, (masculino), surgido em 1975 - Seixal - e o mais recente é o Grupo de Cantares Modalentejo, (feminino), Quinta da Marquesa II, Palmela, fundado em 2011.
 

Neste CD encontramos uma diversidade de temas onde a saudade e a vontade de regresso à Terra amada, a importância da natureza, o trabalho, o amor e a religiosidade estão presentes, as modas, exclusivamente corais, são provenientes do Cancioneiro Popular. Houve, por outro lado, na preparação do CD, a partir do repertório de cada grupo em presença, o cuidado de apresentar essa pluralidade temática, que afinal no seu todo simboliza a alma do Alentejo e dos(as) alentejanos(as).

Está em curso a sua distribuição não apenas pelos grupos que surgem no CD como os que são apresentados na Revista, bem como a entidade que patrocinou a edição do CD, a Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó, mas também pelas entidades apoiantes da edição da Revista – Municípios de Almada e Palmela ou Entidade Reguladora de  Turismo – ERT - do Alentejo e Ribatejo. Também a AMBAAL/CIMBAL, a CIMAC, que apoiam na distribuição aos 33 municípios associados – para as respectivas bibliotecas e associações culturais desses concelhos – como ainda a alguns municípios do Norte Alentejano, à DRCA, à Biblioteca Pública de Évora, grupos de Trabalhos do Cante, como o de Castro Verde, MODA – Associação do Cante Alentejano, Casa do Cante de Serpa, entre outros.

Este disco foi editado pelo CEDA – Centro de Estudos Documentais do Alentejo-Memória Colectiva e Cidadania – e a sua Revista Memória Alentejana, tem o patrocinada da Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó e o disco virá a ter distribuição em livrarias de referência e quiosques em Lisboa, Margem Sul e nalgumas cidades Alentejanas, mas poderá ser solicitado para: cedalentejo@gmail.com, sendo que o preço de capa da Revista com o CD é de 5,00 €.

A edição deste CD pode ter um papel importante para a autoestima dos Alentejanos, nomeadamente os cerca de 500 mil existentes na Diáspora, pois o Cante representa a marca identitária mais poderosa do nosso património imaterial. Há outros aspectos muitos importantes como a gastronomia, o território - o montado – mas o Cante é o que  certamente revela maior sentido de pertença. Claro que pode não ter a mesma importância para todos os alentejanos, quer os da Diáspora quer os que vivem no Alentejo, mas para muitos, assistir, viver uma actuação de Cante – seja em palco, seja à roda de um tinto e um petisco como acontece na Venda do Engrola, em Serpa, e noutras locais, seja no Alentejo, seja na Diáspora, é como assistir a um ato litúrgico da terra transtagana, daí que para muitos, nomeadamente para os cantadores, seja como o ar que se respira.

Após a apresentação pública deste disco prevista para breve – que poderá vir a ter uma reedição visto a grande aceitação que está a ter -  poderá seguir-se um espectáculo ao vivo reunindo todos os grupos que nele participaram.
Eduardo M. Raposo
eduardoepablo@gmail.com