29 de dez. de 2012

Nos 25 anos da Associação José Afonso



Já passou mais de um mês mas quero partilhar convosco esta sessão festiva - pois até estamos numa época supostamente festiva - deste acontecimento fraterno que tive o privilégio de viver... texto que no essencial publiquei na edição de Dezembro da Folha de Montemor intitulado


Nos 25 anos da Associação José Afonso 

No passado dia 18 de Novembro a Associação José Afonso - AJA assinalou em Setúbal a passagem do 25º aniversário desta associação, que tendo como patrono José Afonso, tem como objectivo central a divulgação e valorização da obra e da vida da figura maior da Canção Popular Portuguesa.

Refira-se que  a AJA, desde 5 de Outubro, tem uma nova e simpática sede instalada no antigo Círculo Cultural de Setúbal – espaço de intervenção e resistência cultural à ditadura, de que José Afonso foi um dos fundadores e activistas - que nessa data reabriu por louvável iniciativa do Município de Setúbal, que o recuperou e restaurou, inaugurando a Casa da Cultura, composta por diversas valências: música, memória (Bocage), artes plásticas, teatro, em parceria com diversas associações.

Para assinalar o seu 25º aniversário, a AJA realizou duas iniciativas,  que pelas suas características simbolicamente preservam o espírito e a filosofia de Vida de José Afonso: um almoço na  popular Associação  de Moradores do Bairro da Anunciada, o que juntou muitas dezenas de associados, activistas e amigos; 

Com José Carita (músico e maestro)

Com Manuel Freire e José Fanha

e um espectáculo no renovado Cine-teatro Luísa Todi, onde muitas centenas de pessoas admiradoras da obra do Zeca Afonso – o espectáculo estava esgotado dias antes – assistiram a quase quatro horas ininterruptas de música e poesia, numa sessão de excelência, carregada de simbolismo, comovente e fraterna, apresentada pelo Amigo, Poeta e diseur, José Fanha.
                                          José Fanha

Pelo palco do Luísa Todi passaram o Grupo Coral e Etnográfico  da Cooperativa de Consumo de Grândola, o jovem cantautor Tiago Fernandes – AJA Santarém ,  Xico Carinho – músico da Galiza – com Ana Ribeiro, na voz – AJA Norte, Vitor Sarmento e o grupo  Erva de Cheiro, Afonso Dias, Francisco Naia, acompanhado por José Carita, Ricardo Fonseca e Edmundo Silva 



Francisco Naia com Edmundo Silva



José Carita (sósia de Zeca Afonso... parece, não parece?...))


 a Ronda dos Quatro Caminhos, Janita Salomé, Vitorino e Manuel Freire – que falou enquanto Presidente da Assembleia Geral da AJA, em nome do actual Presidente da AJA, Francisco Fanhais -  ausente em Paris, onde participou com João Afonso e António Zambujo numa homenagem a Zeca Afonso realizada no famoso Olympia da capital francesa.

Neste espectáculo, caracterizado por um grande calor humano, sentido quer no palco, quer e a plateia; desta aplaudia-se com emoção, onde a diversidade marcou presença. M. Freire interpretou “Pedra Filosofal” e “Epígrafe para a arte de furtar”, de Jorge de Sena, à capela, tema também também interpretado por Francisco Naia, destacando-se a grande voz de ambos e a virtuosidade dos músicos acompanhantes deste, ou a novidade de Ana Ribeiro em “Achégate a mim, Maruxa (cantar galego)”ao som da gaita de beiços de Xico Carinho, onde também não foram esquecidos Adriano Correia de Oliveira, ou “Alípio de Freitas” - o tema que o Zeca fez dedicado ao antigo guerrilheiro, de origem transmontano, então preso no Brasil e presente no espectáculo.
                                             Vitorino

O Vitorino também estava com grande performance, nomeadamente na interpretação de “Mulher da erva”, um  dos seus temas favoritos de Zeca, mas o irmão Janita Salomé, esse protagonizou certamente um dos momentos altos
                                        Manuel Freire e Janita Salomé

com a sua voz de capacidades invulgares, a quem o Zeca confiava as obras de mais difícil execução. Voz, no dizer de Manuel Alegre que“(…)Vem de muito longe, de algum acampamento perdido na poeira dos séculos. Cante alentejano, cante jondo. Mas sobretudo andalu.”

Terminou com todos os intervenientes em palco, entoando “Venham mais cinco” e a “Grândola”.
 Momentos únicos de fraternidade, também acompanhados nos camarins, onde, nos deslocámos exactamente quando os irmãos Salomé aqueciam a voz.

Fotos de Eduardo M. Raposo e Ana Pereira Neto 

21 de dez. de 2012

O Encontro



O Encontro

Publiquei recentemente um artigo sobre os 25 anos da Associação José Afonso no Jornal Folha de Montemor, que quero aqui partilhar, que aconteceu em Novembro... mas vão ter de esperar, pois hoje, aqui e agora quero partilhar porque é urgente - como é urgente o Amor, disse o poeta - o que vivi no dia 8 de Dezembro, no dia em que fiz 50 anos, mas mais do isso, muito mais e muito mais importante do que isso foi o Encontro perante o Mar - a Senhora Yemanjá - e a Mãe-natureza - Nª Sª da Conceição - o Encontro pleno, perante os Amigos, os muitos Amigos verdadeiros - cantei o Amor, cantámos o Amor que nos une, eu, o Eduardo e a Anita. Foi um momento único e sublime, e como hoje disse ao Urbano - que hoje a conheceu - tivemos a coragem que muitos ou que alguns, talvez Livres como nós, mas na hora da verdade não têm, e se vergam às convenções sociais e aceitam a Igreja, a hipocrisia católica quando não acreditam...
o Amor só é verdadeiramente livre quando somos verdadeiramente livres perante o mundo para Amar. 
























foto de Irene Guimarães
Este post é para a Anita, a Mulher que eu Amo e que sei - e disse-o publicamente aos Amigos - os que me acompanharam na minha travessia do deserto e sempre estiveram comigo e que pedi especialmente para testemunharem em palavras - o Manel, o António (Ramos), a Céu, ou a Naia - que de improviso cantou para nós , frente ao Mar e ao céu e nos beijou...
 fotos de Irene Guimarães

... mas também ao Carlos e ao Ricardo - os meus irmãos que eu Amo muito bem
  como a meus Pais (que por questões de saúde não foram à praia , mas estiveram presentes na Festa) - e aos amigos mais recentes como a Maria Vitória e o Amadeu,  a Teresa (Cuco), a Manuela, a Charlotte,o João (Andrade da Silva, Capitão de Abril) e sua companheira Lena, o Zé Carita (companheiro de tantas jornadas) e a Luísa, o João (Santos), companheiro de dar Vida diaramente à arte em forma de exposições, Homem do Norte, que aprendeu a amar o Alentejo em Mértola, o Fernando (Mão de Ferro) - meu editor e irmão da paixão pelo Alentejo , que teve a frase bonita: só vocês é que nos podiam presentear com este momento tão belo!... - ou ao António e sua companheira Helena e seu bébé quase recém-nascido que, Amigo dos meus irmãos foi tão Amigo como os mais próximos ao presentear-nos com o mais belo bolo que um pasteleiro que ele é, pode fazer a alguém...
 o Moreno ou o Pardal - que chegou tarde ... mas chegou. E a Guika, Amiga comum - que foi a sacerdotisa do nosso Encontro e... a "construtora" (match maker) do primeiro, mas também aos Amigos da Anita - o Ricardo Lacerda e a Gisela, a Tuta, a Paula, a Irene, o Salvador* que já considero meu irmão, como lho referi, a Elga, a Nini, a Maria João - irmã da Anita, o Rui Marvanejo - alentejano de Marvão - a Eugénia e a sua filhota, e, claro, o meu primo Adelino - que era pastor na nossa infãncia no Alentejo mas a quem a ascensão social não retirou um milímetro da sua integridade e humanismo - e a sua companheira Maria Vitória - que encontrou a sua antiga professora de Colos e homónima. 

*o fotógrafo "oficial", autor das restantes fotos publicadas
 
 Mas esse dia não teria sido tão sublime sem o meu querido Roque - o meu neto de 4 anos que me levou pela mão 





  foto de Irene Guimarães














- e depois tanto se divertiu na areia com o seu primo de 2 anos, o Ruben, sempre vigiado pela mãe Angélica,

 e o João Pereira Neto - pai da Anita - que no caloroso abraço desejando felicidades "disse-nos" do seu Humanismo e Amor. 
 Ou os que não podendo estar presentes não quiseram deixar de testemunhar a sua "presença"- o Zé (Orta), o Jorge (Moniz), o João (Morales), o André (Gago), o Alex - que enviou o seu mel e os seus licores, João Cágado - que nos enviou o seu poema-canção, a Arlinda -que nos enviou o poema que publico - o o seu companheiro Carlos, a Margarida (Morgado), o Constantino (Pinto), o (Domingos) Montemor e o Cláudio (Torres). Mas também o sangue do nosso sangue - a Marta e a Sofia - nossas filhas adoradas, presentes. 

Foi a Alma da Amizade a testemunharem o Encontro pleno do Amor!... as imagens falam por si...

  foto de Irene Guimarães
do Encontro na praia com mu ita Poesia, lida, dita e cantada, e da confraternização pura que se seguiu no espaço que o Ricardo, com a sua Alma imensa, pôs ao dispôr de todos nós...bem como a minha cunhada Angélica que cozinhou imenso e a minha mãe Esmeralda . 

Momentos de fraternidade e emotiva confraternização só possibilitados pela generosa postura de todos os Amigos que das mais diversas formas deram corpo a este  dia sublime  iniciado perante a Mãe Natureza.


ou os diversos testemunhos dos(as), que ausentes não quiseram deixar de estar presentes... como este da Arlinda e do Carlos...


 Queridos amigos, Anita e Edu,

Com mágoa nossa e por empecilhos vários, não poderemos estar
presentes na vossa festa da união.
Queremos, no entanto, expressar os nossos votos de felicidade Maior

e desejar-vos a protecção das Senhoras do Mar - Yemanjá - e da Natureza -
N. Srª da Conceição.

A festa da vida
 José Niza

Que venha o sol o vinho e as flores
Marés, canções de todas as cores
Guerras esquecidas por amores; Que venham já trazendo abraços
Vistam sorrisos de palhaços
Esqueçam tristezas e cansaços; Que tragam todos os festejos
E ninguém se esqueça de beijos
Que tragam pendas de alegria
E a festa dure até ser dia;

Que não se privem nas despesas
Afastem todas as tristezas
Pão vinho e rosas sobre as mesas;
Que tragam cobertores ou mantas
E o vinho escorra p'las gargantas
E a festa dure até às tantas;"

Com amizade e muita ternura,


Arlinda & Carlos Bull


12 de nov. de 2012

O Teatro, de Emma Santos, por Sofia Raposo

O Teatro - Cartaz [low res].jpg
 música original de
João Dacosta
executada ao vivo pelo autor

11 de Novembro
(Domingo)
Fórum Romeu Correia
Auditório Fernando Lopes Graça
ALMADA
21.30 h

Um discurso estilhaçado e fragmentário,
que percorre as estratégias da repressão e da insubmissão,
nos limites do delírio e de uma ofuscante lucidez.
A escrita da loucura. A loucura da escrita.
Contra a normalidade. Contra a normalização.


Aqui vos dou contra de mais um excelente espectáculo de Teatro a que me foi dado assistir ontem, dia 11 de Novembro.

Para que conste!

31 de out. de 2012

Viva o 5 de Outubro! Não desistiremos!



Foi com este título, que mantemos, que publicámos, na edição de Outubro, a crónica mensal que assinamos no jornal Folha de Montemor. Este poste, no essencial, corresponde á referida crónica.
Para que conste!


Por estes dias foi-me dado contemplar a estátua de Afonso Henriques, com o seu olhar majestoso naquela elevação entre os campos planos de Beja – os famosos barros de Beja, os mais ricos da Europa – e a zona serrana que que culmina a sudoeste com a serra de Monchique, que há mais de 850 anos, com a sua sagacidade a percepção alargada do mundo fundou um novo reino com futuro.  Esse homem com sangue Borgonha mas também com o do seu avô Afonso VI, que antes de ser o chefe cristão todo poderoso que pus o al-Andalus a ferro e fogo, viveu na Toledo muçulmana. Já Homem maduro, Afonso VI acolheu na sua corte a bela princesa Zaida que acabara de assistir à morte do príncipe sua marido em Sevilha  e à prisão e desterro para o Sul de Marrocos do seu sogro, o Poeta-rei, Almutâmide, às mãos  do implacável chefe almorávida Yusufi. Afonso VI que tantos acordos e batalhas travara com Almutâmide - este derrotara em Zalaca num contingente com Yusufi – e vira o seu braço direito, Poeta e grande amigo Ibne Amar vencê-lo no célebre jogo de xadrez onde Amar apostou o reino do seu senhor e conseguiu que o cristão levantasse o cerco de Sevilha.Certamente  Afonso era um homem de palavra e também de paixões, pois enamorou-se pela bela Zaida, que lhe deu o único filho varão, o infante Sancho, que ainda muito jovem, morreu às mãos do almorávida em Uclés.

Poderá parecer estranho falarmos de Afonso Henriques e do contexto histórico da nacionalidade numa crónica supostamente sobre o 5 de Outubro. É que, como os revolucionários de 1910 fundaram um novo regime, Afonso Henriques, foi um revolucionário para o seu tempo – a sua instalação em Coimbra e os seus homens de confiança, “o seu bando”,  cavaleiros-vilãos originários da baixa nobreza, muitos deles de ascendência moçárabe, possibilitou-lhe a compreensão de que um novo país só era viável com a complementaridade do Norte e do Sul.  A sua capacidade negociadora permitiu-lhe sitiar Lisboa mas também  impedir o massacre da população de Lisboa -  o que conseguiu parcialmente – face a um poder militar superior ao seu dos cruzados que o “ajudaram assim como o acordo de não agressão mútua que terá estabelecido com Ibne Qasî – na altura senhor de Silves e Mértola e com estátua nesta vila-museu.

Isto faz de Afonso Henriques, não o cruel e sanguinário mata-mouros, com a ideologia ultramontana salazarista o apelidou, mas um Homem moderno para o seu tempo, mais do que um guerreiro, um diplomata sagaz e inteligente, com visão mais alargada que a dos Infanções e Ricos-Homens, seus poderosos súbditos, de quem se “libertou” ao se instalar em Coimbra, lançando os alicerces da fundação da nação portuguesa. 

A República e a (primeira) greve  geral de 1912

O regime que emerge em 1910, apesar de debilidades várias e herdeiro de um regime monárquico-liberal destroçado - onde uma alternância entre Regeneradores e Progressistas afundara o país, que muitas semelhanças encontramos nos últimos anos do actual regime  -, ainda assim houve enormes transformações: na igualdade formal de todos perante a Lei, leis da Separação da Igreja e do Estado (Registo Civil obrigatório) , do Divórcio,  da Família, no Ensino (implentação da instrução pública desde o pré-primária aosuperior - Universidades de Lisboa e do Porto), na reanimação da vida cultural e grande desenvolvimento da associativa, liberdade de imprensa ou possibilitando o desenvolvimento do movimento operário e sindical que vai impor legislação laboral importante (descanso semanal obrigatório, assistência social); todavia insuficiente face à emancipação social das classes mais desfavorecidas, o que gerou tensões e confrontos com o operariado -  Greve dos Conserveiros  (Setúbal, Março de 1911) e dos Assalariados Rurais (Évora e parte do Alentejo, Montemor-o-Novo incluído, Janeiro de 1912) e que motivou a primeira greve geral e o divórcio entre o operariado e a República, pois fora das grandes cidades, no seio dos republicanos, dominavam forças conservadoras ligadas à alta burguesia agrária e industrial, que não viam com bons olhos  a as reivindicações e estas reformas, depois anuladas por Salazar e que só vieram a ser reconquistadas em 1974 e… hoje correm novamente perigo…

"Afonso Costa, um talentoso estadista" 

 Ainda assim , conforme nos refere João Honrado, um dos mais respeitados antifascistas portugueses (passou 14 anos nas prisões salazaristas devido a sua militância comunista) numa Conferência que proferiu em 1985 na Universidade de Frankfurt-am-Main e depois publicado Associação de Municípios do Distrito Beja em 1994 com o título 25 de Abril de 1974. Um Pouco de História da Nossa História (disponível na Biblioteca Municipal), uma interessante análise com uma objectividade surpreendente, onde alia umarigorosa investigação com uma vivênciainvulgar, nomeadamente do terceiro quartel do século XX português. Mas, a respeito da República, diz-nos João Honrado: “O Chefe do Partido democrático, Afonso Costa, era um talentoso estadista e possuía uma enorme capacidade de acção, «muito acima do pessoal político do novo regime». Antifascista antes do fascismo, em 1913 presidia ao Governo e conseguiu durante algum tempo parar a anarquia administrativa e equilibrar o orçamento, a desastrosa situação herdada da monarquia. A oposição dos outros partidos crescia, ao mesmo tempo que o apoio popular se desenvolvia à volta do Partido Democrático.”

Hoje, face à situação actual de destruição e desnorte, perante a crescente perca da independência nacional é chegado o momento de honrar figuras históricas como as referidas, ou outras como D. João II – o “Princípe Perfeito”, ou o povo anómino, os “sem história”, mas que, com a sua adesão entusiástica, transformaram interesses palacianos e corporativos em amplos movimentos e revoluções com repercussões nacionais, europeias e até mundiais, como “1383”, a Expansão Marítima, o “5 de Outubro” ... ou o "25 de Abril"!

Liberté, Égalité, Fraternité

Saibamos e tenhamos a lucidez e a sapiência de, secundarizando as diferenças,  Alentejanas (os) e Portuguesas (os)  que se identificam com os mais nobres valores como os que nos ficaram da Revolução Francesa : “Liberté, Egualité, Fraternité”, dizer basta aos indivíduos incapazes e sem escrúpulos, que dia após dia estão a vender o país ao emergente imperialismo alemão – que até nos impõem a morte prematura de doentes sem cura possível para racionar os medicamentos, perspectiva que lembra as câmaras de gás hitlerianas, com que a que médicos sem escrúpulos se prestaram a pactuar.

Mas se nós, cidadãos, temos esse dever sagrado de defender valores e políticas que possibilitem vivermos com dignidade e haver um futuro para os nossos descendentes, os partidos e as forças políticas, sociais e sindicais, que podem ser a alternativa, têm também a grande responsabilidade de, não perdendo as suas características, saibam encontrar consensos, porventura alargados, democráticos e necessariamente de esquerda para se encontrar um rumo para se voltar aos ideais do 25 de Abril e à Constituição da República Portuguesa, literalmente rasgada, pelos muitos “incapazes” e oportunistas, no Governo, no aparelho de Estado, em várias estâncias, com cargos efectivos e/ou camuflados, têm corroído o regime democrático, que hoje, em Outubro de 2012, caminha a passos largos para a destruição.
Há que encontrar a convergência e salvar o regime democrático antes que seja tarde. Termino transcrevendo um excerto, que numa muito recente investigação nos Arquivos da PIDE, na Torre do Tombo,  tive acesso (jornal Avante! ano 30- Série VI  nº 293 / Setembro de 1960), intitulado 

“Viva o 5 de Outubro! Viva a unidade anti - fascista!
(…)Ao passar o 50º aniversário da Revolução republicana, o «Avante!» saúda calorosamente todos os lutadores anti- fascistas sem distinção e apela para a unificação de todas as forças democráticas na luta por um regime de liberdade.  Unidos fraternamente e ligados ao povo, tal como os revolucionários do 5 de Outubro, os anti- fascistas alcançarão a vitória!”
Pois é…52 depois, que actualidade encontramos neste apelo!...

... e que a Revolução do 5 de Outubro continue a ser dignificada e comemorada por quem assim o entender; e a ser correctamente divulgada aos mais jovens o avanço civilizacional que significou a República face à Monarquia constitucional ... e o retrocesso que aconteceu com a ditadura salazarista