...nestes dias de adoração da Vida, da chegada da Primavera e de exaltação da Poesia, convites imprevistos levaram-me a escolas, colectividades, tertúlias. No dia 21, dei por mim a dizer:
- Primavera, Poesia, Mulher, triologia secreta e imprescindível, urgente, para a Vida em plenitude.
Nestes dias disse poemas de vários autores, mas no dia 21 resolvi dizer Poetas Mulheres, disse FlorBela e outra Poeta de quem já aqui partilhei poemas. É como Florbela, alentejana, mas nasceu em 1962, no Monte das Courelas do Portaleiro, Lavre, Montemor-o-Novo, como refere no seu último livro plenitude. Na contracapa Urbano (Tavares Rodrigues) escreveu :
"plenitude é um autêntico relicário de serena beleza, ou de dramática convulsão, da paisagem alentejana, das formas e das cores, dos sons e cheiros da planície. É também o retrato fremente de um alma, ou de uma sensibilidade feita para o amor, com os seus excessos e as suas dores.
Um livro sempre perto da natureza, por vezes muito conseguido nos seus achados e ritmos, na junção do som e do sentido."
Falamos de Maria Lascas, que num entrevista ao diário do Sul, diz em título: " O Amor tem para mim uma importância fundamental"
Poemas entre o Amor e o Alentejo:
Sol
perfume de laranjeira
e a abelha
e a abelha
a sombra do beijo
nas paredes de cal
Mértola, a sul
Na alquimia de cores, negras andorinhas dançavam
músicas do silêncio da terra
estou no Paraíso! disseste
vestida de Sol na erva
a serpente?!
encantava pássaros nos salgueiros do rio Degebe
Safira perdida
Safira, altares nus em chão de pedra
anjos e pássaros partiram...
as abóbadas persistem
do sabugueiro e laranjeira perfumes
meu irmão! do vento da terra do sul
...agora amparam-me os sobreiros
tempo medido nos meus braços
em que tu não estás
e trago-te sempre comigo!
no cemitério só as cruzes de ferro
e montinhos de terra brava sem nome
A voz
A sua voz é água da fonte no estio
apetece-me saboreá-la na aurora
esperar o sol dentro dela... é mel!
néctar de flores... vazio a sua falta
escuto-a no melro, voo da gaivota
é brilho, cintila nas estrelas
não são palavras a sua voz
é afago dos olhos, a mão deslizante
a minha boca e a sua, o seu silêncio
ou um outro, este também de uma beleza avassaladora, muito recentemente publicado no seu blog homónimo
Vinho
Serve-me vinho, muito vinho sempre!
corre-me nas veias água, insípida clara…
dá-me vinho! não a uva a enrolar-se na língua
abram-se tonéis se acabarem as garrafas: tinto rosé Porto
deixa meu corpo mergulhar no fundo, curtir no tempo
que seja a taça que transborda
sorva a última gota do néctar maturado na pipa
parido em cor de sangue
e bebe o vinho do amor em mim, suavemente…
5 comentários:
Deve ser deslumbrante o efeito da primavera no hemisfério norte onde os efeitos são mais visíveis...Linda postagem e maravilhosos versos! Um abraço
Olá
Este poema de Safira é teu? se sim, podia ser um dos próximos a publicar nos Poetas do Almansor na Folha, o que é que achas?
Abraço
Querido amigo; o amor deveria ser o princípio, meio e fim de tudo. Amei as fotos e a poesia!
Bom domingo e boa semana! Beijos
Olá Amigo Manel
Como refiro no texto introdutório este poema é de Maria Lascas e está publicado no seu livro "plenitude", 2ª edição, publicado em 2006, que penso que conheces.
De facto concordo contigo, o poema é muito bonito e se assim o entenderes será uma boa escolha para a rubrica "Poetas do Almansor".
um grande abraço.
Ed.
Amigas
Obrigado pela sensibilidade com que viveram e sentiram estes belos poemas.
Tudo de bom para vós.
Ed.
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