FlorBela Espanca, a grande Poeta que percorreu a plenitude da exaltação dos sentimentos, a quem já dediquei vários postes, nomeadamente referentes ao dia 8 de Dezembro - de 1894 em que chegou, na suave terra ardente de Vila Viçosa - e no dia 8 de Dezembro, de 1930, em que se suicidou numa casa perto do mar em Matosinhos. Dela partilho este soneto... tão belo como a própria Vida!...
Se Tu Viesses Ver-me…
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
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