não percam!|
não deixem de saborear um momento único e certamente perfumado...
Eduardo Ramos este Alentejano afectuoso e fraterno, natural do Penedo Gordo, Beja.
Para quem não o conhece, e não sabe o que perde, transcrevo um excerto de uma entrevista que me concedeu o ano passado para a Revista Memória Alentejana:
“Senti que uma luz iluminou a minha arabidade latente”~
Em 1997 assisti a um concerto com o grande alaudista tunisino Anwar Brahen, no Cine-Teatro em Silves. ‘É este instrumento que eu quero tocar’, disse para mim mesmo. Fui há Tunisia propositadamente comprar o meu primeiro alaúde árabe. Representou uma mudança radical na minha vida e no meu percurso musical.
diz Eduardo Ramos a propósito do seu encontro com o alaúde árabe
Nasceu em Penedo Gordo, aldeia a cinco quilómetros de Beja, em 1951. Tocou harmónica e acordeão em miúdo. Mas desde os 15 anos, quando aprendeu a tocar viola, nunca mais deixou os instrumentos de corda. Esteve em Águeda e começou a cantar o Zeca e Adriano. Em Angola familiarizou-se com os ritmos africanos. Após o 25 de Abril radicou-se no Algarve, onde cantava em hotéis. Um dia assistiu a um concerto de alaúde árabe de Anwar Brahen e descobriu que era aquele instrumento o “seu” instrumento. Foi uma mudança radical.
Chama-se Eduardo Ramos e é o grande divulgador, como cantor, músico e compositor, de Almutâmide e dos poetas luso-árabes.
Senti como que uma luz que me iluminou . Foi o meu reencontro com a minha própria identidade, a minha arabidade latente. A partir daí comecei a conhecer melhor a música árabe, de que tenho 300 discos. Comecei também a tocar e a cantar em galaico-portugês cantigas medievais , cristãs e sefarditas. Em 1999 gravei o 1º disco com poesia luso-árabe musicada por mim, intitulado“Andalusino”. Dois anos depois foi a vez de“Moçarabe”, e em 2005 “Cântico para Al Mutamid”.via a luz do dia. Ainda em 2001, durante 1º Festival Islâmico gravei também “O Ocidente do Al-Andalus”. Foi gravado na capela do Convento de S. Francisco, onde estava alojado, e onde o musiquei de improviso..”
Como já se percebeu falamos do músico luminoso que descobriu o seu “caminho” ao tomar conhecimento com a poesia Luso-Árabe e com o alaúde, esse instrumento mágico. A partir dessa altura Eduardo Ramos não mais deixou de nos maravilhar com a magia da sua música, nos seus concertos ou em intervenções de rua, informais mas sempre cheias de encantamento, como acontece nos Festival Islâmico em Mértola, brotando da sua boca a Poesia bela dos grandes poetas do século XI.
Eduardo Ramos é pois o intérprete, que dedica a alma e a Vida a deliciar-nos e a deliciar-se, percorrendo até ao infinito a sua arabidade latente, certamente porque o seu “Coração é Árabe.”
Eduardo Ramos editou recentemente o seu último trabalho. Trata-se, da gravação do excelente recital realizado no CCB, em Janeiro de 2006: Eduardo Ramos ao vivo . um sarão no palácio dos jasmins.
Sobre Eduardo diz-nos Adalberto Alves:
Em Eduardo Ramos cruzam-se veias de uma ancestralidade alentejana que brota em terras do Algarve. A sua linfa musical corre em busca não apenas da foz mas também para montante, como o meixão que, sabendo do mar ardente, abandona os sargaços à descoberta da longuínqua fonte.
fotos recolhidas por Tiago Bensetil no 5º Festival Islâmico de Mértola - 2009
Eduardo Ramos, em voz, paixão e alaúde, remexe na arabidade que o habita e o explica, bem como a todos nós.
Assim, o que a princípio era miragem, pouco a pouco, vai-se tornando real.
O que Adalberto Alves diz podemos constatar, ao vivo, em diversos locais e momentos sempre muito envolventes: CCB, Mértola, Évora, Lagoa…
Saboreiem!...
Eduardo Ramos - poeta do alaúde!
3 comentários:
Conheço e recomendo, vivamente.
Assim como a filha, Carolina, bailarina de dança do ventre.
Boa noite!
Un saludo cordialísimo de Kamal Al-Nawawi, cantautor marroquí que tuvo el placer de saludarte y conversar contigo durante el Festival Islámico de Mértola 2011.
Espero noticias tuyas y compartir escenario algún día.
http://kamalnawawi.blogspot.com
Obrigada Eduardo, por nos levar a outros tempos com o seu canto e a sua música. Continue a inspirar-nos.
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