É tão lindo o Alentejo!...
No dia 2 de Fevereiro de 1975 iniciava-se a Reforma Agrária com a ocupação da Herdade da Picota no Concelho de Montemor-o-Novo.
Precisamente há 35 anos.
E se foram cometidos erros, atitudes menos correctas e até oportunisticas, injustiças que prejudicaram pequenos agricultores, rendeiros, seareiros, esses aspectos negativos que também caracterizam um processo revolucionário, tudo isso não apaga, não mancha essa grande transformação que se designou por Reforma Agrária e que aconteceu nos campos do Sul e que, como nos dizia ontem Custódio Gingão, de Foros de Vale Figuera, Montemor-o-Novo - que em 1976 foi eleito deputado pelo Círculo de Évora em representação dos assalariados rurais:
"A Reforma Agrária não só pôs fim ao desemprego nos campos, como aumentou a produção agrícola, mas também possibilitou a introdução de novas tecnologias provocando o aumento de produtividade. Foram 1.100 mil hectares de terra a produzir, o que nunca tinha acontecido antes. A melhoria de vida repercutiu-se no comércio local, nas oficinas de maquinaria para a lavoura, em toda a economia.
E nessa altura não havia água no Alentejo. A Reforma Agrária foi destruída para servir interesses de outros países comunitários e ninguém apresentou alternativa à Reforma Agrária. Hoje os campos estão abandonados, os montados estão decapitados, não se produz, o absentismo voltou aos campos, vive-se à base de subsídios, da caça e da cortiça. Enquanto os agricultores espanhóis recebem subsídios para produzirem mais, em Portugal distribuem-se subsídios para não se produzir."
Uma relação equilibrada com a Natureza, uma postura humanista em que o lucro rápido, o dinheiro a todo o custo não seja o pão nosso de cada dia - e que em último análise poderá ser o caminho para perservar a continuidade da espécie humana neste belo planeta, mas por vezes tão maltratado, passa pelo respeito pela Natureza e pela Vida de todos os séries vivos, onde uma agricultura harmoniosa é essencial para preservar uma paisagem humanizada que existe há tantos milénios e que corre o risco de estar em risco nas próximas décadas.
A nossa alternativa pela preservação da Vida na Terra passa também por ouvirmos os ensinamentos destes Homens como o Custódio Gingão, como o Mestre José Salgueiro, como outros, que muito podem contribuir com a sua sabedoria para que as próximas gerações possam continuar a dizer:
É tão lindo o Alentejo! Nós, os que Amamos o Alentejo, que Amamos a Beleza, que Amamos a Terra, temos o dever e o direito de possibilitar que a sua mensagem humanista chegue a todos as crianças, a todos os jovens!
Aceitam o desafio?!...
É tão lindo o Alentejo...
2 comentários:
É isso que nos faz falta, o verde das searas! E logo ficarão rubras com as papoilas, douradas pelo sol e pelo grão maduro. Mais do que nunca faz sentido apostar nessa relação equilibrada com a Terra, tornando-a produtiva sem a esgotar, respeitando-a, respeitando-nos a nós também. Cada vez há mais regressos a um modo de vida mais simples e genuíno. Que se faça o possível, então, para que essa opção ganhe força e amplitude.
É a terra o sustento do homem e tem de ser à terra que o homem tem de voltar se quiser sobreviver.
A terra é o pão!
O teu texto é já um passo para que se volte a ver o Alentejo cheio de searas e campos de girassóis.
É bom que se inverta a situação: dar subsídios para se cultivar a terra.
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