O Chico Naia é o aedo, o trovador que emociona os que viveram os anos 60 e 70, os que vibram ao ouvir sair da sua boca os cantos que foram o símbolo da sua geração e impressiona os mais jovens pela sua voz imbatível, que canta o canto e o cante, pois ninguém como ele trata por tu o canto e o cante, de que é interprete único, interprete por excelência.
Depois de muitas dezenas de espectáculos juntos como companheiro de palco ou produtor pude muitas vezes confirmar quanto é genuína a sua música, quanto é genuína a sua postura de levar a poesia e a música portuguesa, popular e tradicional aos mais diversos locais, quer sejam salas de espectáculos como a Casa da Música, palcos como a Festa do Avante, bibliotecas, livrarias ou colectividades, onde em recitais com a maior informalidade, apresenta os seus discos ou participa solidariamente na apresentação de livros dos amigos, como tem sido o meu caso. O Chico Naia é um homem capaz de toda a solidariedade, seja em prol das causas em que acredita, seja em prol dos amigos, como pude testemunhar publicamente numa breve homenagem de que foi algo em Almada .
Francisco Naia canta o Alentejo com a mesma paixão e entrega como interpreta as baladas e as trovas do Zeca, do Adriano, do Luís Cília, do Sérgio Godinho, do José Mário Branco, do Manuel Freire, do José Jorge Letria, do António Macedo ou… as suas.
O Chico chega às raízes mais fundas – e por vezes tão escondidas – que nos reenviam para as planícies do (nosso) Alentejo. Toca as cordas mais sensíveis, o mais fundo da nossa alma de gentes com raízes no Sul.”
Sobre o seu disco Cantes d' além Tejo escrevia em 2005: “Se há livros, discos, poemas, encontros, vidas desencontradas que pecam por tanto demorarem, este trabalho de Francisco Naia é um caso paradigmático. Quase trinta anos depois podemos ter o prazer de ouvir este trabalho em disco do Naia. Há esperas assim, que parece nunca mais terem fim. Há vozes assim, há (re)encontros assim, irremediáveis, afinidades electivas com a Vida, o Canto e o Cante, a Poesia, que são como mo encontro do Sol e da Lua, da Terra e do Mar se beijando, o Sol iluminando a Terra inteira, arco-íris, encantamento. Francisco Naia, com a sua potente voz de tenor, cantor do Sul, nascido – na estação de Ourique-Gare – e criado entre os comboios e a música das cigarras e dos rouxinóis dos campos do Sul, assume-se aqui em toda a sua plenitude como cantor do Sul e intérprete privilegiado do cante(...)"
E sobre De Sol a Sul:
“Francisco Naia regressa - quase três anos depois de Cantes d’além Tejo o seu anterior disco -, com um projecto discográfico, novamente direccionado para o Sul, onde Sol e Sul coabitam num espaço de intimidada e afectos, num espaço de inquietação - sempre presente na alma dos alentejanos , e são mais de 500 mil, os homens e mulheres que deixaram a sua terra se instalaram na zona urbana e urbanizada da área Metropolitana de Lisboa. E espaço de inquietação porque teimam em não perder as suas raízes de uma cultura milenar mediterrânica, onde o peso de uma ruralidade se manteve ao longo dos séculos – onde ainda o céu mergulha na terra por entre o sibilino canto dos insectos ao lusco-fusco. (...)
Uma cuidada direcção musical este De Sol a Sul representa um passo em frente, onde, mantendo a excelente voz de Francisco Naia e alguns bonitos poemas musicados, é precisamente na realização plástica de uma nova musicalidade, genuína, diversificada, onde a tradição musical marca o ritmo e o rumo.”
Sobre o seu disco Cantes d' além Tejo escrevia em 2005: “Se há livros, discos, poemas, encontros, vidas desencontradas que pecam por tanto demorarem, este trabalho de Francisco Naia é um caso paradigmático. Quase trinta anos depois podemos ter o prazer de ouvir este trabalho em disco do Naia. Há esperas assim, que parece nunca mais terem fim. Há vozes assim, há (re)encontros assim, irremediáveis, afinidades electivas com a Vida, o Canto e o Cante, a Poesia, que são como mo encontro do Sol e da Lua, da Terra e do Mar se beijando, o Sol iluminando a Terra inteira, arco-íris, encantamento. Francisco Naia, com a sua potente voz de tenor, cantor do Sul, nascido – na estação de Ourique-Gare – e criado entre os comboios e a música das cigarras e dos rouxinóis dos campos do Sul, assume-se aqui em toda a sua plenitude como cantor do Sul e intérprete privilegiado do cante(...)"
E sobre De Sol a Sul:
“Francisco Naia regressa - quase três anos depois de Cantes d’além Tejo o seu anterior disco -, com um projecto discográfico, novamente direccionado para o Sul, onde Sol e Sul coabitam num espaço de intimidada e afectos, num espaço de inquietação - sempre presente na alma dos alentejanos , e são mais de 500 mil, os homens e mulheres que deixaram a sua terra se instalaram na zona urbana e urbanizada da área Metropolitana de Lisboa. E espaço de inquietação porque teimam em não perder as suas raízes de uma cultura milenar mediterrânica, onde o peso de uma ruralidade se manteve ao longo dos séculos – onde ainda o céu mergulha na terra por entre o sibilino canto dos insectos ao lusco-fusco. (...)
Uma cuidada direcção musical este De Sol a Sul representa um passo em frente, onde, mantendo a excelente voz de Francisco Naia e alguns bonitos poemas musicados, é precisamente na realização plástica de uma nova musicalidade, genuína, diversificada, onde a tradição musical marca o ritmo e o rumo.”
Fotos de Ermelinda Toscano sobre a Homanagem realizada a 19 de Setembro de 2009, na Sala Pablo Neruda - Forúm Romeu Correia, em Almada, onde participámos, com Alexandre Castanheira e o músico Ricardo Fonseca (in o-pharol.blogspot.com)
A Deusa da planície
(Francisco Naia )
(de Sol a Sul)
Procurei-te nas searas
Persegui-te pelos montados
Procurei-te na Aurora
Persegui-te ao pôr-do-sol.
Procurei-te nas Aldeias
Persegui-te pelos campos
Procurei-te pelas veredas
Persegui-te em mil recantos.
Refrão
E em noites de Lua Cheia
Fiz-te poemas de amor. (bis)
Vi o teu rasto nas fontes
Persegui-te pelos montes
E a todos escutei
Descreverem teus encantos.
Viram passar teu cavalo
À desfilada no vento
Viram-te voar como o lenço
Que te amarrava os cabelos
Refrão
E em noites de Lua Cheia
Fiz-te poemas de amor. (bis)
Viram teus cabelos loiros
Como a tarde na planície
E os lábios como papoilas
Vermelhas da cor do Sol.
Foi meu avô quem me disse
Que eras Deusa da Planície
Que sob um manto de estrelas
Eu te havia de encontrar.
Refrão
E em noites de Lua Cheia
Fiz-te poemas de amor. (bis)
Sou Alentejano
(Eduardo Olímpio / Francisco Naia)
(de Sol a Sul)
Sou alentejano,
Poeta e cantor.
Filho dos montados,
Neto de uma flor.
Não tive lições
De livros doirados;
Não usei nos dedos
Anéis brasonados.
Nasci entre as dobras
De ventos e trigos.
Nunca traí os amigos!
Sou alentejano,
Poeta e cantor.
Só falo das coisas
Que falem de amor:
Das rosas, dos rios
Dos velhos maiorais,
Das águias altivas,
Dos tristes pardais.
De lendas e loas,
De ritos antigos.
Nunca traí os amigos!
Sou alentejano,
Um homem não mais,
Com pulsos de feno,
Sangue dos pinhais.
Não fui às estrelas
Senão a sonhar,
Não tive castelos
Senão de luar.
Andei pelos montes
Dormi em abrigos.
Nunca traí os amigos!
Canção de Amigo
(inédito, a inserir no próximo disco)
(Francisco Naia - Letra e música - Março de 2008)
O meu amigo está triste
Está triste, está triste….
O Céu já nem lhe parece azul
Nem o mar lhe traz a calma….
O encanto das ondas morre-lhe no olhar
E caminha distante pelas avenidas
Perdido no desencontro das cidades…
Ai o Meu Amigo, o meu amigo
Corre pelos horizontes do Sul
Na plenitude imensa dos espaços
Entre rosas e papoilas.
No sonho que lhe corrói as noites
Cavalga num tropel de fogo
Sobre um corcel desfraldado ao Vento
Pelas charnecas e pelos montados.
Procura no verde das searas
A esperança porque tanto desespera.
E ali como um berbere perdido no deserto
Espera, espera, aquela feiticeira moura
Que sempre o encantou nos oásis do tempo.
Tanto amor, tanto amor
Tanto paixão que o prende o meu amigo
ao beijo dessa mulher
Que ele fez ser poema…E Deusa!
Ai o meu amigo está triste
Está tão triste… o meu amigo!
Para o intérprete excepcional e único, o poeta, o construtor da transformação permanente de sonhos, mas sobretudo para o Amigo, o Amigo puro e verdadeiro um grande abraço fraterno de Parabéns!
de Alegria!
de Vida!
de Luz!
3 comentários:
Parabéns ao amigo Francisco Naia.
Na impossibilidade de o fazer pessoalmente, aqui deixo os parabéns a quem tem uma VOZ cheia de SOL!
:)
Do Francisco Naia recebemos a mensagem que partilhamos:
"Caro Amigo Sonhador dos Anjos
Não tenho palavras suficientemente sentidas que me façam dizer-te algo parecido com gratidão. A amizade e a fraternidade não caracem desses formalismos. São suficientemente fortes para se fundirem numa só - unica- forma de pureza de um ideal: Ser eterno! Saber voar como os Anjos que povoam os nossos sonhos e nos conduzem pela Poesia e pelos Encantos mágicos dos deuses que inventamos. Mas sempre a caminho do SER infinito e belo!
UM GRANDE, GRANDE ABRAÇO! FOI UMA BELA PRENDA DE ANOS COM PERFUME DE LARANJEIRA!
Vemo-nos por aí!!!!
Naia"
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