14 de jul. de 2007

Breve roteiro pelo Alentejo de Fogo com Bethânia e Sophia ou os pássaros do Alentejo...




















"esse indivíduo dava jeito ao Bush", dizia-me, com a ironia fina que o caracteriza, o meu amigo Manel Casa Branca. Era um fim de dia sereno, em Montemaior, naqueles momentos em que o tempo para, o mundo fica silencioso e os velhos se sentam à soleira da porta fumando...
O Manel dizia-me isto, a propósito dos comentários que eu fazia: era só mata-mouros, só mata-mouros , isto é ,diversas telas da exposição "No caminho sob as Estrelas", inaugurada horas antes com pompa e circunstância, relativa ao(s) caminho(s) de Santiago e ao Santo Tiago, ele o talvez erradamente ou não denomiado mata-mouros, que à parte o valor estético das obras de arte sacra, parece esta exposição estar imbuída de uma filosofia que pouco ou nada tem a ver connosco, alentejanos, que pouco ou nada contribui para a valorização da nossa identidade, será até talvez um passo atràs no que nos anos tem avançado a nossa historiografia ao encontro do nosso passado de gentes, de gentes que se orgulham de um passado milenar de tolerância e de miscigenação, onde têm tido um papel fundamental homens e mulheres como António Borges Coelho, Cláudio Torres, Santiago Macias, José Alberto Alegria, Adalberto Alves, Janita Salomé, Salwa Castelo-Branco, e outros (as) ...


O sumo desta exposição será porventura os protocolos entre a Galiza e Portugal, a germinação entre Santiago do Cacém e de Compostela, com a presença do Chefe de Estado português e do da Região da Galiza, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia - o que me obrigou a coisas desconfortáveis para um maltês como eu

como vestir umas calças e um casaco escuros e da mesma côr , por meias e sapatos escuros... isto tudo com quase 40graus... o que só pude remediar quando cheguei a Ferreira... onde vi mobiliário tradicional no posto de turismo ... entrei num café de fato e sai de sandálias e de calças brancas... livre finalmente... livre para percorrer o meu doce Alentejo: Ferreira. Odivelas, Torrão, Alcaçovas, Casa Branca, Escoural e... Montemaior, onde fui jantar... a oportunidade de um breve, breve mas tão profundo e sentido roteiro... sentimental... enquanto percorria à desfilada, cavalo de vento, tinha a serena companhia da voz de Maria Bethânia e do seu Mar de Sophia, disco lindo, lindo de que vos deixo um tema , com dois poemas - como acontece por vezes ao longo deste luminoso trabalho - o primeiro de Shopia e o outro de António Carlos Jobim Este é o meu tema preferido, talvez o mais bonito... para quem não tem...























































































































































Terror de te amar
"Terror de te amar num sítio tão frágil
como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa"








As praias desertas

"As praias desertas continuam
Esperando por nós dois
A este encontro eu não devo faltar
O mar que brinca na areia
Está sempre a chamar
Agora eu sei que não posso faltar
O vento que venta lá fora
O mar onde não vai ninguém
Tudo me diz
Não podes mais fingir
Porque tudo na vida
Há de ser sempre assim
Se eu gosto de você
E você gosta de mim
As prais desertas continuam
Esperando por nós dois"













Aqui...
no Alentejo de fogo e de silêncio...
onde
os pássaros são livres...










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