“Cem anos de Romeu”
A
tertúlia “Cem anos de Romeu” realizada no passado dia 14 foi um êxito. Com a
Sala Pablo Neruda - Fórum Municipal Romeu Correia – apinhada com mais de 80
pessoas, com destaque para os familiares de Romeu, a filha Julieta e o neto
João Vasco, assim como muitos dirigentes associativos – da Incrível Almadense,
Academia, Farol, USALMA, U S D. Sancho, SCALA, ARPCA, CEDA, URAP, Associação de
Moradores dos Capuchos. Iniciou com a passagem de um vídeo “30 minutos com…” –
fraternalmente cedido pelo Farol (Henrique Mota) - fruto de uma entrevista
televisiva, de 1987, ano em que Romeu foi homenageado em Almada ao completar 70
anos, um belo fresco em que Romeu, com frontalidade e muito sentido de humor,
nos fala da sua vida e da sua arte, que contagiou os presentes.
Depois de
apresentados os oradores, de três gerações diferentes: Alberto Pereira Ramos,
86, antigo dirigente associativo – Academia, FPCCDR, 1º Congresso das
Colectividades – antigo bancário tal como o homenageado, falou-nos de como
tomou contacto com um livro de Romeu, ainda jovem, dos cafés que ambos frequentavam,
da pessoa boa e de espírito aberto que era Romeu e do uso de laço para “não
usar ‘farda” de bancário, fato, camisa branca e gravata, “pois o Romeu ainda
que fingisse aceitar as normas de facto não as aceitava” ; o orador seguinte
autor de História local com mais títulos publicados sobre Almada – cerca de 30
– que também privou quase diariamente com Romeu durante quase duas décadas
deu-nos conta de como Romeu foi amado por Almada já antes do 25 de Abril, sendo
o decisão de atribuir o seu nome ao fórum municipal em 1992 o ponto alto, bem
como do agrupamento de escolas com o seu nome. A excelente e bem estruturada
intervenção de Flores pode resumir-se assim: “ele [Romeu Correia] tinha
necessidade de ser amado” e era “a emanação do povo de Almada”, lamentando que
para as comemorações do centenário não ter havido uma comissão municipal – tal
como a AACA propôs em Novembro de 2016 – e umacomissão de honra com convites ao
Presidente da República e ao Primeiro-Ministro. Rodrigo Francisco, 36 anos,
encenador e Director Artístico da Companhia de Teatro de Almada e do Festival
de Almada, o último orador,explicou como foi desafiado há dois anos pelo
Henrique Mota para encenar Romeu. O resultado foi a excelente encenação que fez
do romance Bonecos de Luz; Rodrigo descreveu-nos de uma forma muito viva
e acutilante a forma como, a partir da aproximação à obra de Romeu e deste
texto, construiu um espectáculo que partindo daquele imaginário do quotidiano
de personagens populares e socialmente marginalizadas da primeira metade do
século XX. O “povo povo” como Romeu gostava de designar aquelas figuras típicas
com quem conviveu na sua infância e adolescência no Ginjal da necessidade de
através do sonho e de uma certa evasão ou recriação da realidade, neste caso
através do cinema de Charlot, tendo presente a necessidade de chegar aos jovens
de 2017, com referências muito diferentes do final dos anos 30, inícios de 40.
Houve
de seguida um período com variadas intervenções da parte da assistência, tendo,
por nossa sugestão, alguns dos dirigentes associativos presentes divulgado as
iniciativas programadas para os próximas dias, nomeadamente para dia 17. O
vereador António Matos enalteceu estas tertúlias e propôs a sua continuidade
para 2018. Esteve também a assistir o Director do Departamento da Cultura, Armando
Correia e a Técnica da DAB, Mª João Ferro, em representação da responsável
Eunice Figueiredo, que destacou a programação para dia 17 no FMRC.
À
entrada podia-se ver uma pequena mostra de capas dos livros de Romeu
disponíveis na Rede de Bibliotecas Municipais, anteriormente usada na exposição
de Filatelia e assim optimizada e ao fundo da sala um conjunto de 10 obras
autografadas pelo autor, do nosso espólio pessoal e o original de uma
entrevista a Romeu Correia que publicamos em Novembro de 1987 no DN – suplemento DN-Jovem.
Foi
desta forma informal – tal como a disposição dos oradores, junto ao público –que
a Associação Amigos da Cidade de Almada assinalou com a dignidade que se impõe
o centenário de Romeu Correia, sessão que contou com a cobertura televisiva da
TV Almada. As tertúlias voltam a 12 de Dezembro para debater o Comércio local
versus grandes superfícies.
Eduardo M. Raposo
Em breve publicaremos imagens da sessão
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