8 de out. de 2010
Pablo Neruda e a eternidade do Amor
BELA
Bela,
como na pedra fresca
da fonte, a água
abre um vasto relâmpago de espuma,
assim é o sorriso do teu rosto,
bela.
Bela,
de finas mãos e delicados pés
como um cavalinho de prata,
caminhando, flor do mundo,
assim te vejo,
bela.
Bela,
com um ninho de cobre enrolado
na cabeça, um ninho
da cor do mel sombrio
onde o meu coração arde e repousa,
bela.
Bela,
não te cabem os olhos na cara,
não te cabem os olhos na terra.
há países, há rios
nos teus olhos,
a minha pátria está nos teus olhos,
eu caminho por eles,
eles dão luz ao mundo
por onde quer que eu vá,
bela.
Bela,
os teus seios são como dois pães feitos
de terra cereal e lua de ouro,
bela.
Bela,
a tua cintura
moldou-a o meu braço como um rio quando
passou mil anos pelo teu doce corpo,
bela.
Bela,
não há nada como as tuas coxas,
talvez a terra guarde
em algum lugar oculto
a curva e o aroma do teu corpo,
talvez em algum lugar,
bela.
Bela, minha bela,
a tua voz, a tua pele, as tuas unhas,
bela, minha bela,
o teu ser, a tua luz, a tua sombra,
bela,
tudo isso é meu, bela,
tudo isso é meu, minha,
quando caminhas ou repousas,
quando cantas ou dormes,
quando sofres ou sonhas,
sempre,
quando estás perto ou longe,
sempre,
és minha, minha bela,
sempre.
Pablo Neruda,
Versos do Capitão, Porto, 1996
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3 comentários:
Pablo Neruda. Estou lendo. Amo!!!
a ti, que amas tanto o alentejo como eu, deixo um singelo poema da autoria de um amigo. abraço.(joão santos)
alentejo
a minha pátria tem cor
tem sons, cheiros, sabores
tem fragrâncias de licores
e sol que sabe a suor.
a minha pátria tem vida
tem sangue por nós vertido
e gente que traz consigo
o valor da despedida.
(Jorge Gromicho)
Tão apaixonado...Só Neruda mesmo.
Seus versos são divinos.
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