2 de set. de 2010

Mil Anos de Poesia...

Já se encontra disponível desde meados de Agosto e distribuída pelos 47 Concelhos Alentejanos, Bibliotecas Públicas e Municipais, Associações Culturais, Livrarias de referência e outras entidades a mais recente  edição da Revista Memória Alentejana. Capa e caderno principal sobre o Centenário da República, dá-nos conta  da realização do Colóquio "O Alentejo e a 1ª República" - com a participação de 37 oradores e movimentando um total de 73 participantes em: Beja - 24 e 25; Aljustrel e Mina de S. Domingos  - 26 de Setembro, Setúbal - 1 de Outubro e 4 de Outubro na Casa do Alentejo (Lisboa). Um realização conjunta do CEDA, Instituto Politécnico de Beja e Município de Beja.
Mas este é m ano de efemérides, senão vejamos: 100 anos de República; 45 anos de carreira do Mestre e génio da guitarra portuguesa António Chainho - em destaque; 35 anos do PREC - Período Revolucionário em Curso; 30 anos do projecto Vila-Museu de Mértola (ADPM e CAM) onde Cláudio Torres nos fala do percurso realizado.
Em pano de fundo, a Poesia, sempre!
O grande Poeta Almutâmide Ibne Abbade, nascido em Beja, completam-se no próximo mês de Dezembro,  a bonita data de 970 anos...

Entrevistas aos Presidentes do Município da Cidade da Planície e do Instituto Politécnico, respectivamente Jorge Pulido Valente e Vito Carioca e a Paulo Ribeiro, o novo cantautor da Planície. Em destaque ainda a biodiversidade - onde José Maria Pós-deMina nos fala na aposta nas energias renováveis -, o Alqueva, a arquitectura tradicional, as artes plásticas, o V Passeio Campestre em Monte Maior, as Artes Plásticas, o mobiliário alentejano, os moinhos de vento de Santiago do Cacém, 22 livros publicados recentemente, 4 discos, Festival de Teatro de Almada e outros eventos referentes ao Alentejo realizados na Margem Sul, Agendas Culturais, etc,etc....  em breve em edição on-line, até lá pode ser solicitada para o endereço: memorialentejana@gmail.com
Edição é apoiada, é justo referir: pelas entidades organizadoras do Colóquio e os Governos Civis de Beja e de Setúbal, Municípios de Montemor-o-Novo, Aljustrel, Águas Públicas do Alentejo, Somincor, IELT - FCSH/UNL, Associações de Municípios do Alentejo - AMBAAL, AMDE, CIMAA e ainda Município de Moura, ADPM e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (na divulgação).
Mas aqui fica em cheirinho, com o Editorial que assino:


100 Anos de República!



                                        Mil Anos de Poesia…


(…)


E sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Por entre as mãos de uma criança”


                   António Gedeão, Pedra Filosofal (excerto)


Aproximo-me de Beja. Anoiteceu. Deixo-me guiar pela Torre do seu majestoso castelo para onde todos caminhos se dirigem.


Olho a cidade. Por mim perpassam mais de mil anos de história e… lembrei-me, cheio de alegria, do menino que nasceu em “Baja” e que, certamente se banhou nas águas do Odiana, e a quem a sua ama que o trouxe ao mundo lhe chamou Príncipe dos Poetas; tomou o nome de Almutâmide, o mais luminoso poeta de Beja de todos os tempos:  símbolo da cidade – poesia, capital da Poesia. Vinho e Poesia?! Cidade do Futuro! Calcorreio as velhas ruas estreitas e milenares, chego à Praça da República renovada e descanso às sombras das árvores de tília, frondosas. Ali, há 100 anos foi proclamada a República…


Depois de visitar a suave Biblioteca Municipal, o elegante Campus Universitário do Instituto Politécnico, com vista para a planície, percorro a estrada antiga até Aljustrel, o “Centro Republicano”, o Museu do Mineiro, a estátua de Brito Camacho, de seguida sigo até à Mina de S. Domingos, ao “Centro Republicano 5 Outubro”, à praia fluvial. Regresso a Mértola, lavo o olhar na sua beleza ancestral, no belo Odiana, visito a Casa Amarela e a ADPM, 30 anos depois do início do futuro…


Encaminho-me agora para o litoral e do cimo de um monte, ao som das velas dum gigante restaurado a “abraçar Santiago”; fico a imaginar as mágicas noites passadas por António Chainho, a tocar guitarra à lua no moinho do seu avô… Mestre Chainho e a sua guitarra e fogo e vento, 45 anos depois de começar a tocar na “Severa”.


De novo em Beja. Sento-me na esplanada do lago com o Paulo (Ribeiro) e o Zé Orta, refresco-me do vento suão e parto de novo. Caminho entre Évora e Beja, entre Beja e Évora e chego a outro belo lugar com o seu castelo de sonho no MonteMaior. Visito a Galeria “9Ocre”, saboreio as últimas telas do amigo Manuel Casa Branca, o “Celeiro das Artes” da Vina (Etelvina), as amoras na Ecopista, o mel e o licor do Alex, e ao anoitecer subo à esplanada do Castelo, bebo um ”belo tinto” e falo com a Manuela Rosa dos próximos projectos.


Dias depois estou em Setúbal, onde a República foi proclamada a 4 de Outubro: dia em que o CEDA comemora o seu 10º aniversário - da apresentação pública do projecto na Casa do Alentejo.


Regresso ao Sul, às casas de taipa construídas, à “Poesia da Terra”, ao meu Sul azul: Alentejano, Algarvio, Mediterrânico …arquitectura dos elementos primordiais, que o jovem João Caeiro resgatou do fundo da biodiversidade dos tempos…no México, no Gana…


Oiço ao longe uma voz…uma voz familiar…muito doce… é intercalada com um canto, uma canto muito bonito, como que vindo do fundo do âmago das profundezas da terra… mas é o Zeca Afonso a cantar um poema a Zélia?!!... oiço água a correr… será o mar? Maria/ Nascida no Monte…


… toca-me ao de leve, muito suavemente… uma suave, quase imperceptível carícia, com mil anos de ternura, no rosto… a voz tão doce – "tens uma voz tão doce meu Amor !..."- de há pouco acorda-me com um beijo. Sinto papoilas nos seus lábios.


Mil anos de Poesia. De Almutâmide e Itimad ao Zeca… a Poesia do PREC…


Abro os olhos e vejo o castelo de conto de fadas ao longe . Retribuo o beijo de mel … e continuo a ouvir o Zeca a cantar … Maria…


                                               eduardoepablo@gmail.com

Um comentário:

Állyssen disse...

Esse poema, A pedra filosofal, é magnífico.
Abraço!