27 de nov. de 2009

Meu Amor quando eu morrer/Ó linda/ Eu quero ver-te na praia

Fausto, intérprete da Saudade ancestral do Mar, da inquietação permanente da viagem.

Fausto “cantautor”,  canta o Amor e a Saudade, aves marinhas,



gaivotas do Sul de nós; o mar como caminho, o universo como destino.


Tanta saudade, tanto Amor. Tanto mar!


Dois temas desse disco que marcou indelevelmente a Nova
Música Portuguesa: Por este rio acima



Porque não me vês (disco I)



Meu amor adeus


Tem cuidado


Se a dor é um espinho


Que espeta sozinho


Do outro lado


Meu bem desvairado


Tão aflito


Se a dor é um dó


Que desfaz o nó


E desata um grito


Um mau olhado


Um mal pecado


E a saudade é uma espera


É uma aflição


Se é Primavera


É um fim de Outono


Um tempo morno


É quase Verão


Em pleno Inverno


É um abandono


Porque não me vês


Maresia


Se a dor é um ciúme


Que espalha um perfume


Que me agonia


Vem me ver amor


De mansinho


Se a dor é um mar


Louco a transbordar


Noutro caminho


Quase a espraiar


Quase a afundar


E a saudade é uma espera


É uma aflição


Se é Primavera


É um fim de Outono


Um tempo morno


É quase Verão


Em pleno Inverno


É um abandono









 



Como um sonho acordado- (excerto)




Como se a Terra corresse


Inteirinha atrás de mim


O medo ronda-me os sentidos


Por abaixo da minha pele


Ao esgueirar-se viscoso


Escorre pegajoso


E sai


Pelos meus poros


Pelos meus ais


Ele penetra-me nos ossos


Ao derramar-se sedento


Nas entranhas sinuosas


Entre as vísceras mordendo


Salta e espalha-se no ar


Vai e volta


Delirante


Tão delirante


É como um sonho acordado


Esse vulto besuntado


A revolver-se no lodo


A deslizar de uma larva


Emergindo lá no fundo


Tenho medo ó medo


Leva tudo é tudo teu


Mas deixa-me ir






Arrasta-me à côncava do fundo


Do grande lago da noite


Cruzando as grades de fogo


Entre o Céu e o Inferno


Até à boca escancarada


Esfaimada


Atrás de mim


Atrás de mim


É como um sonho acordado


Esses olhos no escuro


Das carpideiras viúvas


Pelo pai assassinado


Desventrado por seu filho


Que possuiu lascivo


A sua própria mãe


E sua amante






Meu amor quando eu morrer


Ó linda


Veste a mais garrida saia


Se eu vou morrer no mar alto


Ó linda


E eu quero ver-te na praia


Mas afasta-me essas vozes


Linda







 



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