29 de nov. de 2009

"Creio que o Amor tem asas de oiro"

Janita Salomé é a imagem do Sul, é a voz do Sul por excelência.
Da sua voz brotam os poemas que nos falam da totalidade do ser, da mágica magia do Amor, pleno, único e total.
Pela sua voz, pela melodia e até pelo ritmo do seu canto perpassa o silêncio do Sul, toma forma o azul do céu do meio dia a cair a pique derramando a mais luminosa luz.
A partir da sua voz imaginamos o encantamento do luar, ela desenha as casas de barras azuis e ocres onde nos sentamos à soleira fumando o silêncio do anoitecer.

Três poemas. Três poetas. Três cantos musicados e pela voz única de Janita Salomé.


Credo

(disco Janita raiano)


creio nos anjos que andam pelo mundo
creio na deusa com olhos de diamante
creio em amores lunares com piano ao fundo
creio nas lendas nas fadas nos atlantes



creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes mais dissonantes
creio que tudo é eterno num segundo
creio num céu futuro que houve dantes



creio nos deuses de um astral mais puro
na flor humilde que se encosta ao muro
creio na carne que enfeitiça o além



creio no incrível nas coisas assombrosas
na ocupação do mundo pelas rosas
creio que o amor tem asas de oiro amén


                                                         Natália Correia










ciganos 
 (disco Janita raiano)

como os ciganos entre sul e viagem
do outro lado do rio
como os ciganos somos de outra margem


nosso amor é bala e desafio.

e todos os amantes são raianos
como os ciganos, de passagem
como os ciganos.

                                                     Manuel Alegre








Não é fácil o Amor
(disco Tão Pouco e Tanto)




Não é fácil o amor melhor seria
Arrancar um braço fazê-lo voar
Dar a volta ao mundo abraçar
Todo o mundo fazer da alegria



O pão nosso de cada dia não copiar
Os gestos do amor matar a melancolia
Que há no amor querer a vontade fria
Ser cego surdo mudo não sujeitar



O amor ao destino de cada um não ter
Destino nenhum ser a própria imagem
Do amor pôr o coração ao largo não sofrer




Os males do amor não vacilar ter a coragem
De enfrentar a razão de ser da própria dor
Porque o amor é triste não é fácil o amor






                                                                                                  Luís  Andrade (O Pignatelli)

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