14 de fev. de 2011

Cartas de Amor...

Tenho fome da tua boca, da tua voz, dos teus cabelos
e pelas ruas vou sem me nutrir, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desconcerta,
procuro o líquido som dos teus pés pelo dia.

Faminto estou do teu sorriso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como intacta amêndoa

                             Pablo Neruda, Cien Sonetos de Amor



Acaba de chegar às livrarias uma suave edição - de capa dura -  da D. Quixote, Pablo Neruda, Cartas de Amor, que nos revela particularidades do Homem apaixonado no eu Amor por Matilde Urrutia - a sua terceira mulher e o seu mais prolongado e intenso e profundo Amor - que durou desde o seu encontro em 1949 até à morte do Poeta em 1973 . Corresponde a um período de intensa e fecunda criação literária, nomeadamente no primeiro período em que lhe dedicou o mítico Os Versos do Capitão, onde Matilde, no prólogo toma o nome de Rosario de la Cerda e Cem Sonetos de Amor - de onde retirámos o poema com que iniciámos.
Na contracapa pode ler-se:
Juntos somos aquilo que a pobre gente nunca alcança, o céu na terra.
Aperto-te ao meu coração, amor meu, com corpo, alma e amor.


Os primeiros anos, em que o Poeta é obrigado a exlilar-se e a viajar por vezes clandestino, nos longos períodos de separação dessa "Época do Amor Secreto" como aparece em subtítulo, surgem-nos ternas e apaixonadas cartas e mensagens, de que partilhamos duas breves mas...

Buenos Aires, 17 de Novembro

Amor meu, esta não é uma carta mas sim um beijo.
Dou-to através da terra e continuarei a beijar-te através do mar.

Teu
    Teuteu


O mundo é mais azul e mais terrestre de noite,
quando durmo enorme, dentro
das tuas breves mãos.

2 comentários:

Paulo Francisco disse...

Gostei de saber!
Um abraço.

Graça Pereira disse...

Pablo Neruda e o eterno amor!
Não poderia expressar-se de outra maneira...
Beijo
Graça