"Através do teu coração passou um barco
Que não pára de seguir sem ti o seu caminho"
Sophia
Grão de Mar
Lá no meu sertão plantei
Sementes de mar
Grãos de navegar
Partir
Só de imaginar eu vi
Água de aguardar
Onda me levar
E eu quase fui feliz
E o mar ficou
Lá no sertão
E o meu sertão
Como o amor que encontrei
O amor de aguardar
Amor que existe em mim
Como no sertão de Bethânia o Mar ficou em mim... de regresso à Terra, ao Cante, ao Canto...
Foi em Montemor, no dia 31 de Agosto, na apresentação da 3ª edição de Canto de Intervenção 1960-974, na Feira da Luz, ouvindo palavras fraternas e justas de amigos presentes e o pensamento dos ausentes: Carlos Pinto de Sá, Manuel Casa Branca, Alexandre Pirata. Os meus agradecimentos à forma digna como o Município de Montemor me recebeu e tratou esta iniciativa, nomeadamente o seu Presidente, assim como o responsável dos Serviços Culturais, Luís Ferreira, e... ainda uma palavra de reconhecimento à Helena e à Catarina, da Fonte das Letras, e à enóloga Dorina Lindemann que teve a gentileza de oferecer champagne aos presentes, produzido pelo Adega Plansel... pois é já, há champagne alentejano: Alxam é seu nome.
Foi assim na Herdade do Freixo do Meio - Foros de Vale de Figueira, Montemor - no dia seguinte num momento breve mas único em comunhão com a Terra... e os salgueiros desenhados na ribeira... no "Passeios pelo Montado", este sobre a "Arte do Sobreiro", guiado pela bióloga Ana Fonseca e pelo pintor Manuel Casa Branca... e o convívio gastonómio no Restaurante do sr. Martins com ensopado de borrego....
Foi assim na I Feira do Livro do Alentejo, em Ervedal, Avis, no dia 2 de Setembro, iniciativa inédita, onde estavam presentes livros de muitos autores alentejanos, para além de muitas publicações periódicas: jornais e revistas editadas na Região e, não obstante as temperaturas altissimas aconteceu um acalorado debate sobre a comunicação social regional... seguindo-se a apresentação de Crónicas de Beja, do amigo Francisco do Ó Pacheco e do meu livro já referido....
Muitos amigos passaram por lá: Luis Afonso, João Mário Caldeira, António Luís, João Honrado, António Martins Quaresma e ... Francisco Naia, com os seus músicos - o Carita, o Ricardo, o Nuno, o Gil e o Jorge - que cantou ao anoitecer e nos recordou um poema, interpretado uma única vez, a solo, à cerca de um ano, na Sala Pablo Neruda , no Forúm Romeu Correia, em Almada, que tem justamente a introduzir uma frase do grande poeta andino...
amo-te como se amam certas coisas obscuras
secretamente, entre a sombra e a alma
(in Cem Poemas de Amor)
Entretanto, de novo em Montemor, Sérgio cantava "com um brilhozinho nos olhos... ", assim ficou o amigo Alex quando cheguei e lhe trouxe autografado pelo autor Miguel Urbano Rodrigues Etna no vendaval da Perestroika... e Sérgio cantava... cantava: "hoje soube-me a pouco/hoje soube-me a pouco/espera aí mais um bocadinho/estou quase a ficar louco..."
aqui, onde o silêncio só é entrecortado pelo vento e rodeado ao longe pelas serras de Montejunto, dos Candeeiros e de Aire, certamente o local perfeito para fazer um piquenique...
2 comentários:
É compadre do Mar da Palha!
Isto é que foi uma maratona, ah! Freixo do Meio, Ervedal, Festa do Avante e finalmente uns mergulhos ás abas da serra dos candeeiros.
Que pena, que inveja eu tive de não poder partilhar convosco a visita aos campos da minha infância, ao Freixo do Meio, a Casa Branca onde vivi até aos 9 anos.
A "Charrete" que fotografaste, ia buscar a nossa professora Cecília á camioneta, o monte do Zambujeiro,...... a nostalgia destes lugarejos, faz-me voar aos anos de ouro da minha meninice, verdadeiramente livre a correr pelos campos, onde o relógio era simplesmente o sol, que saudades.
Foram uns dias em cheio como os meus, que culminou com a Festa Rainha, a Festa de todas as Festas, a Festa do Avante! Que moldura humana, tanta alegria e juventude a jorrar por todas as ruas e a desembocar no palco principal, que magnífico espectáculo na tarde de Domingo, que grande Comício, simplesmente grandioso!
Um abraço, Alexandre.
Compadre Alex
Foi de facto um momento único aquela visita à Herdade do Freixo do Meio. E naqueles momentos que passamos junto à ribeira encontrei um pouco de paz, de serenidade, de força para a luta - por vezes difícil, mas quando acreditamos, quando sabemos da justeza, da dignidade, da beleza do caminho, sabemos que o futuro nos pertence!... reencontrei o menino que há quatro décadas brincava maravilhado na ribeira da Funcheira, afluente do Sado, que passa ali muito perto e é acompanhado pela via férrea até Ermidas. A propósito, gostei de me teres chamado de nómada, mas sou-o mais por opção de que por herança. Afinal quem busca a Verdade, o Santo Graal, tem que ser nómada....
Teria gostado muito que nos tivesses acompanhado naquele passeio tão bonito, tu e os amigos que ali viveram a infância mas... como diz o nosso povo "há mais marés que marinheiros" e eu que adoro o mar sei que é verdade!...
Espero postar em breve uma imagem da apresentação em Montemor - é que apaguei por engano uma imagem que me tinham enviado e depois não houve solução...
Um grande abraço
Amigo
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