percorro todos os teus buracos inúteis... alastra-me em re-
dor do coração uma dor de sangue, o asfalto cobre-se de luzes
alucinantes e solidão
da noite ecoam passoa, nas ruas desertas ficam à solta os
animais lendários da minha bebedeira
lutam comigo atá de manhã, morrem à beira da minha
boca
e conheço o amargo pão da tua solda/dura, o ouro líquido
que não chega para enriquecer o homem
o mar tem a solidão dos teus ais... medonhos ais, que per-
sistem para lá da demorada insónia
o sal tornou-se rubro e cospe flores que provocam o sono,
e o esquecimento
neste mesmo mar a Sul, meu mar iniciático em inícios de sessenta, onde regresso ciclicamente encantado, década após década, nestes areais onde caminhei ao vento, onde dormi ao luar, onde levei a Sofia a descobrir os seus mistérios da maresia, onde nadei, nado, ao encontro da Ilha, desafio serenamente o poder do mar imenso e implacável, onde mais recente de novo... fui, sou feliz... no encontro comigo mesmo, iniciando agora um tempo pleno e novo...
...e depois do mar aconteceu o reencontro com a terra de que andava apartado... o fogo da terra na urgência da Vida, na felicidade, comunhão plena da alma e dos corpos...
Alentejo, Meu Amor
O Sol
fecunda os corpos
incendeia os sentidos …
Uma louca sinfonia
vinda do fundo dos tempos
insaciável e urgente!
Encontro pleno!
o côncavo e o convexo
que se sorvem
que se respiram
que se bebem
… sem palavras
Cavalo de fogo!…
Poderoso!
risca o silêncio do montado
…beija a terra mágica
PS. havia uma ponte antiga, talvez romana…
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