Depois de mais um interregno demasiado longo que desejamos contrariar voltamos ao convívio com os nossos seguidores. E fazemo-lo partilhando o recente percurso realizado pela Serra Algarvia a Bacia do Baixo Guadiana.
1º
dia
A
semana passada concretizámos um projecto pensado há vários anos: percorrer a
Serra algarvia pelos seus locais mais recônditos – porventura os mais belos do
Algarve, à excepção da serra de Monchique, ainda que diferente - até Alcoutim,
o oásis à beira do Guadiana; descendo de seguida pela margem direita do grande
rio do Sul até à foz do seu afluente da Ribeira de Odeleite, que em pleno
Agosto leva um forte caudal, atravessamos o Gaudiana na ponte internacional – a
primeira que se encontra a seguir a Mertóla, fazendo uma breve incursão nas
rias da vizinha Andaluzia, regressando depois e parando na magnífica Cacela
Velha – parte do conjunto de castelos e fortificações da bacia do Baixo
Guadiana.
Partimos
de Lagos, com paragem em Alvor e passagem por Silves, Alte, Benfim Grande,
Pena, Salir - a natureza é aqui de uma beleza deslumbrante - e paragem à saída de Barranco do Velho – onde piquenicámos debaixo
duma albarrobeira, duma amendoeira e de um belo sobreiro, mesmo junto ao local onde passa a Via Algarviana. Estamos
em plena Serra do Caldeira, a povoação resume-se a meia dúzia de casas à beira
da estrada, aqui confluem a EN 124 que inicia em Portimão até Alcoutim ao longo
de 150 Km, onde 12 são de serra e a EN 2 que, partindo de Faro, passa a S. Brás
de Alportel segue para Almodôvar – percorremo-la há dois anos – atravessa o
Alentejo – Castro Verde, Ervidel, Ferreira, Odivelas, Torrão, Alcaçovas, Escoural,
Montemor, Ciborro, Brotas, Mora, Montargil, Ponte de Sôr e segue até Chaves,
dividindo o país a meio.
A natureza é aqui esmagadora, a dois pés de Barranco
do Velho nasce a Ribeira de Odeleite. Mal reiniciámos viagem encontramos, mesmo
no cruzamento em agradável restaurante -
a Tia Bia - onde na ementa encontramos pratos regionais da serra como “galo com vinho”, “javali” e logo resolvemos
voltar em breve; depois de reabastecidos de combustível continuamos a característica
estrada de serra, passamos por Feiteira, Almarginho, Cachopo – onde nos
cruzamos com a EN 397 vinda de Tavira – Martim Longo – famosa pela saboroso pão
que exporta, a povoação com mais habitantes do concelho, incluindo a sede,
Alcoutim, que percorremos mas não nos sugere paragem – a aldeia de Pereiro –
onde nos dessedentamos com água e cerveja bem frescas na única explana do único
café “Central”, comemos, lemos – e finalmente chegamos parando na encosta
sobranceira ao rio. Alcoutim é um paraíso, o oásis para o viajante que, como
nós atravessa a serra ou, como o velejador que sobe o rio – e são alguns,
sobretudo estrangeiros, encontramos uma família de franceses que o membro mais
novo adorava gatos. Tem uma zona junto ao rio com um excelente mobiliário
urbano de lazer.