Já passou mais de um mês mas quero partilhar convosco esta sessão festiva - pois até estamos numa época supostamente festiva - deste acontecimento fraterno que tive o privilégio de viver... texto que no essencial publiquei na edição de Dezembro da Folha de Montemor intitulado
Nos
25 anos da Associação José Afonso
No
passado dia 18 de Novembro a Associação José Afonso - AJA assinalou em Setúbal
a passagem do 25º aniversário desta associação, que tendo como patrono José
Afonso, tem como objectivo central a divulgação e valorização da obra e da vida
da figura maior da Canção Popular Portuguesa.
Refira-se
que a AJA, desde 5 de Outubro, tem uma
nova e simpática sede instalada no antigo Círculo Cultural de Setúbal – espaço
de intervenção e resistência cultural à ditadura, de que José Afonso foi um dos
fundadores e activistas - que nessa data reabriu por louvável iniciativa do
Município de Setúbal, que o recuperou e restaurou, inaugurando a Casa da
Cultura, composta por diversas valências: música, memória (Bocage), artes
plásticas, teatro, em parceria com diversas associações.
Para
assinalar o seu 25º aniversário, a AJA realizou duas iniciativas, que pelas suas características simbolicamente
preservam o espírito e a filosofia de Vida de José Afonso: um almoço na popular Associação de Moradores do Bairro da Anunciada, o que
juntou muitas dezenas de associados, activistas e amigos;
Com Manuel Freire e José Fanha
e um espectáculo no
renovado Cine-teatro Luísa Todi, onde muitas centenas de pessoas admiradoras da
obra do Zeca Afonso – o espectáculo estava esgotado dias antes – assistiram a quase
quatro horas ininterruptas de música e poesia, numa sessão de excelência,
carregada de simbolismo, comovente e fraterna, apresentada pelo Amigo, Poeta e diseur, José Fanha.
José Fanha
Pelo palco do Luísa Todi passaram o Grupo Coral e Etnográfico da Cooperativa de Consumo de Grândola, o jovem cantautor Tiago Fernandes – AJA Santarém , Xico Carinho – músico da Galiza – com Ana Ribeiro, na voz – AJA Norte, Vitor Sarmento e o grupo Erva de Cheiro, Afonso Dias, Francisco Naia, acompanhado por José Carita, Ricardo Fonseca e Edmundo Silva
Pelo palco do Luísa Todi passaram o Grupo Coral e Etnográfico da Cooperativa de Consumo de Grândola, o jovem cantautor Tiago Fernandes – AJA Santarém , Xico Carinho – músico da Galiza – com Ana Ribeiro, na voz – AJA Norte, Vitor Sarmento e o grupo Erva de Cheiro, Afonso Dias, Francisco Naia, acompanhado por José Carita, Ricardo Fonseca e Edmundo Silva
Francisco Naia com Edmundo Silva
José Carita (sósia de Zeca Afonso... parece, não parece?...))
a Ronda dos
Quatro Caminhos, Janita Salomé, Vitorino e Manuel Freire – que falou enquanto
Presidente da Assembleia Geral da AJA, em nome do actual Presidente da AJA, Francisco
Fanhais - ausente em Paris, onde participou
com João Afonso e António Zambujo numa homenagem a Zeca Afonso realizada no famoso
Olympia da capital francesa.
Neste
espectáculo, caracterizado por um grande calor humano, sentido quer no palco,
quer e a plateia; desta aplaudia-se com emoção, onde a diversidade marcou
presença. M. Freire interpretou “Pedra Filosofal” e “Epígrafe para a arte de
furtar”, de Jorge de Sena, à capela, tema também também interpretado por
Francisco Naia, destacando-se a grande voz de ambos e a virtuosidade dos
músicos acompanhantes deste, ou a novidade de Ana Ribeiro em “Achégate a mim,
Maruxa (cantar galego)”ao som da gaita de beiços de Xico Carinho, onde também
não foram esquecidos Adriano Correia de Oliveira, ou “Alípio de Freitas” - o
tema que o Zeca fez dedicado ao antigo guerrilheiro, de origem transmontano,
então preso no Brasil e presente no espectáculo.
Vitorino
O Vitorino também estava com grande performance, nomeadamente na interpretação de “Mulher da erva”, um dos seus temas favoritos de Zeca, mas o irmão Janita Salomé, esse protagonizou certamente um dos momentos altos
O Vitorino também estava com grande performance, nomeadamente na interpretação de “Mulher da erva”, um dos seus temas favoritos de Zeca, mas o irmão Janita Salomé, esse protagonizou certamente um dos momentos altos
Manuel Freire e Janita Salomé
com a sua voz de capacidades invulgares, a quem o Zeca confiava as obras de mais difícil execução. Voz, no dizer de Manuel Alegre que“(…)Vem de muito longe, de algum acampamento perdido na poeira dos séculos. Cante alentejano, cante jondo. Mas sobretudo andalu.”
com a sua voz de capacidades invulgares, a quem o Zeca confiava as obras de mais difícil execução. Voz, no dizer de Manuel Alegre que“(…)Vem de muito longe, de algum acampamento perdido na poeira dos séculos. Cante alentejano, cante jondo. Mas sobretudo andalu.”
Terminou
com todos os intervenientes em palco, entoando “Venham mais cinco” e a
“Grândola”.
Momentos
únicos de fraternidade, também acompanhados nos camarins, onde, nos deslocámos
exactamente quando os irmãos Salomé aqueciam a voz.
Fotos de Eduardo M. Raposo e Ana Pereira Neto
Fotos de Eduardo M. Raposo e Ana Pereira Neto